Em determinado momento da vida, a percepção da própria existência salta à consciência. Surge então o primeiro questionamento: “Quem sou Eu?”. Parece ser esse o instante mágico do despertar do eu, a manifestação plena da alma sobre a matéria, consubstanciada por Sócrates em “o homem é a sua alma”. Esse é, a meu ver, a semente, o arkhé da Filosofia.

No entanto, para se consolidar, o “aprendiz” de filósofo precisará reconhecer que a essência do amor à sabedoria é a busca incansável pela verdade, ainda que saiba que jamais será possível alcançá-la. É como o horizonte; quanto mais caminhamos na sua direção, mais distante e mais deslumbrante. É um sentimento de insatisfação constante, da busca, do tatear a realidade para tentar compreender o incompreensível. É o possuir, sem o ter, ou na ordem inversa.

Nessa caminhada, construir-se-á o sábio, que embora possuidor de um conhecimento indelével, terminará a sua jornada diante da contradição do tudo e do nada.

Filosofia é, portanto, um despertar da alma, de um amor incondicional pelo entendimento da vida e absoluta reverência diante dos seus profundos e inalcançáveis mistérios.

Quantas vezes você elevou seu olhos para o firmamento hoje, nesta semana, neste ano, durante toda a sua vida? Das vezes que o fez, o que procurou? Sinais do clima, a passagem de um avião ou apenas fitou a imensidão azul, o escarlate entardecer, a cintilante negra noite ou o rubro alvorecer?

Por que ainda a maioria das pessoas que habita o planeta nem sequer ultrapassa a linha do horizonte com o olhar? Por que insistem vislumbrar o espelho, o próprio bolso ou as posses do vizinho?

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