O candidato encontra-se agora pronto para cumprir a formalidade do juramento, ou obrigação solene que se lhe faz prestar diante da área de sua própria consciência, ajoelhado com o joelho esquerdo, e com o joelho direito em esquadro, em sinal de humildade, respeito e devoção; com a mão direita sobre a Bíblia, que representa a palavra Divina ou a Verdade Revelada pela tradição, tendo na esquerda um compasso, cujas pontas apoia sobre o peito num símbolo da plenitude da consciência e do perfeito entendimento de seu coração.

O juramento é feito “em presença do G∴A∴do U∴ e dos irmãos reunidos em Loja”. O reconhecimento da presença do G∴A∴ é pois, sua primeira condição. O juramento ou obrigação assume-se individualmente em presença do Ideal e das aspirações mais elevadas de cada um de nós naquele Princípio impessoal que constitui o primeiro molde, rege o curso e é o Divino Arquiteto em nossas vidas.

Os irmãos reunidos ao redor do aspirante, com suas espadas juntas, formando uma abóbada de aço sobre sua cabeça sem que ele possa percebê-lo entretanto, com seus próprios olhos, são o símbolo daquelas presenças ou inteligências invisíveis que se acham constantemente ao nosso redor, sem que delas tomemos consciência; mudas testemunhas de nossos atos, que nos vigiam, nos protegem e nos ajudam a levar a termo nossos propósitos e nossas aspirações mais elevadas.

A obrigação contrai-se livre e espontaneamente “com pleno e profundo convencimento de alma”. Eis aqui uma condição fundamental de seu significado e de sua validade: não se trata, pois, de uma obrigação obtida com lisonjas, promessas ou ameaças, com a qual se faz a ligação contra a própria vontade ou contra os desejos e aspirações, podendo o aspirante de tal forma ser constrangido a fazer algo que repugne, como em qualquer sociedade secreta, cuja orientação seja diferente da genuína Tradição Iniciática.

Isto é o que caracteriza a Maçonaria e a diferencia nitidamente de outras sociedades de diversas finalidades que tenham o segredo como meio ou instrumento de sua atividade. Seus elevados Princípios e a lealdade e fidelidade aos mesmos que é pedida a seus iniciados, dos quais quer fazer homens livres no sentido mais pleno e profundo da palavra, colocam-na eternamente acima das críticas interessadas e malévolas que lhe são feitas, sob o pretexto do segredo no qual se desenvolvem suas atividades.

O maçom contrai a obrigação que o liga à Ordem pelas mais elevadas aspirações de sua alma, com a mais plena, livre e espontânea vontade, e até o último momento dá-se-lhe a liberdade de se retirar, se assim o preferir.

AS TRÊS OBRIGAÇÕES

A primeira das obrigações contraídas pelo juramento, refere-se aos segredos da Ordem. A obrigação da discrição no que se refere a todo ensinamento esotérico, para que a mesma seja útil e proveitosa, e que dito ensinamento possa transmitir-se unicamente a quem estiver devidamente preparado para recebê-lo, isto é, capacitado a entendê-lo em seu sentido real.

Esta obrigação está em perfeito acordo com as palavras de Jesus: “Não deis coisas sagradas aos cães ou pérolas aos porcos”, e de Buda: “Não turbe o sábio a mente do homem de inteligência retardada”; como também na máxima hermética: “Os lábios da sabedoria estão mudos fora dos ouvidos da compreensão”.

O termo cão, nas palavras de Jesus, nada significa de injurioso, sendo uma palavra de uso no Oriente no sentido de, profano ou “estranho”; e no que diz respeito às pérolas, estas representam uma imagem muito expressiva dos fragmentos da Sabedoria que o iniciado deve reunir cuidadosamente, no místico silêncio da alma, em vez de “atirá-las” ao mundo das paixões, onde ninguém saberia compreendê-las.

A segunda obrigação é a promessa de “não escrever”, gravar ou fazer qualquer sinal pelo qual possam conhecer-se tanto a Palavra Sagrada, como os meios de comunicação e reconhecimento entre os maçons. Esta obrigação, em seu sentido exotérico, destina-se a proteger a unidade e inviolabilidade da Ordem, e, portanto, a continuidade da Tradição que por meio dela se transmite simbolicamente.

Esotericamente a palavra sagrada refere-se mais particularmente ao místico Verbo ou Ideal Divino que cada um recebe no íntimo de seu ser para expressá-lo numa atividade construtiva – atividade que será o meio pelo qual será exteriormente reconhecido como maçom por todos “os bons e legítimos maçons”.
Esta palavra não deve dar-se a conhecer exteriormente a ninguém, pois, perderia sua eficácia, assim como a semente perde seu valor vital se for afastada da terra aonde deve germinar.

A terceira obrigação é o reconhecimento dos deveres de solidariedade que o unem aos demais maçons pelo mesmo fato de ter adquirido a consciência de sua relação para com eles, que é a fraternidade. Deve, pois, considerá-los a todos como irmãos e a eles sentir-se ligado por aquela fraternidade espiritual que brota da comunidade de ideais, tendências e aspirações, que é mais forte e profunda que qualquer outra fraternidade puramente carnal ou exterior.

Assim compromete-se a ajudá-los e socorrê-los onde suas forças o permitam, tanto moral como materialmente. Isto não quer dizer que deva fazê-lo com prejuízo de outrem, amparando injustiças e ações desonestas, mas que deve cumprir para com eles o primeiro dever de humanidade, fazendo em todas as circunstâncias tudo o que o amor fraternal e seu próprio senso do bem, lhe sugerirem, evitando tudo quanto possa prejudicá-los direta ou indiretamente.

Antes de faltar a este juramento, o maçom prefere “ter a garganta cortada e a língua arrancada pela raiz”, o que significa perder o poder da palavra, cuja eficácia construtiva e regeneradora depende do segredo e da veneração com os quais se custodia em religioso silêncio exterior, para que possa livremente manifestar-se em seu interior.
É o castigo simbólico que o indiscreto recebe, naturalmente, como consequência necessária de suas próprias ações, quando faz uso indevido, egoísta ou volúvel do que lhe tiver sido confiado.

Comunicando aquilo que não deveria, perde ou retarda sua própria capacidade de expressá-lo, assim como a capacidade de alcançar uma justa e perfeita compreensão das coisas. O indiscreto e o infiel nunca podem estabelecer-se na Verdade, que se envolve em seus véus mais impenetráveis e se afasta deles para sempre.
Assim, a língua acaba efetivamente arrancada de sua raiz, que não pode ser outra coisa senão a própria verdade.

TEXTO EXTRAÍDO DO:
Manual do Aprendiz Franco Maçom – S.C.A. – Sociedade das Ciências Antigas – Edição S.C.A. – Sociedade das Ciências Antigas – Versão para eBook – eBooksBrasil.com – Fonte Digital – www.sca.org.br – © 2001
S.C.A. – Sociedade das Ciências Antigas

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