Rei Davi, ainda menino, estava treinando arremessar pedras com uma funda e não conseguia acertar seu alvo. Seu avô, vendo o menino descontente, perguntou o que estava acontecendo. Desconsolado em não conseguir acertar o alvo, Davi respondeu que jamais poderia ser a pessoa que os outros esperavam que fosse, pois havia uma grande esperança por parte de todos que se tornasse um grande Rei. Seu avô então resolveu lhe contar a história de sua bisavó, Rute, uma história de esperança, amor e de muita fé.

Para entender a história de Rute teremos que fazer uma viagem para o período dos juízes em Israel, onde Elimeleque e Noemi viviam na tribo de Judá com seus dois filhos, Malom e Quiliom. Naquela época a fome castigava aquela região de Israel e eles decidiram se mudar para Moab, uma terra estrangeira e pagã, onde mais tarde Malom se casa com uma Moabita chamada Rute e Quiliom com Orfa.

Trabalharam muito naquelas terras e pouco frutificava, os Moabitas diziam que aquela família estrangeira em função das suas crenças judaicas era amaldiçoada e nada ali haveria de ter sucesso. Logo, Elimeleque faleceu juntamente com seus dois filhos, ficando apenas as três viúvas, Noemi, Rute e Orfa. Mesmo com todas as dificuldades Noemi jamais perdeu a fé em suas crenças e sempre manteve a esperança que Deus jamais abandonaria sua família.
Naquele tempo, na falta de seu marido, era de costume após o casamento a nora se tornar filha de sua sogra, sendo assim, Rute e Orfa estavam sob responsabilidade de Noemi.
Noemi fica sabendo que a terra de Judá volta a ser abençoada por Deus e decide voltar para sua terra natal e pede para que suas noras fiquem em Moab, pois ela não teria condições de sustenta-las. Orfa decide ficar em sua terra natal, mas Rute com belas palavras convence Noemi que seu lugar é ao seu lado. No texto a seguir, extraído do livro de Rute, mostra a fidelidade e confiança à Noemi. “Não me instes para que te abandone, e deixe de seguir-te; porque aonde quer que tu fores irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus; Onde quer que morreres morrerei eu, e ali serei sepultada. Faça-me assim o Senhor, e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti.”

Noemi e Rute seguem viagem e ao chegar a Belém se hospedam na antiga casa de Noemi. Rute no dia seguinte decide ir aos campos de colheita de trigo para respigar e trazer o sustento para casa. Foi neste dia que ela conhece BOAZ.

BOAZ se apaixona por Rute e como um parente resgatador compra as posses de Elimeleque, inclusive a mão de Rute em um ato de muita coragem e amor. BOAZ era um homem sensível ao bem e diferente dos demais homens daquela época, pois não tinha preconceitos com Rute por ser estrangeira, viúva e respigadora de trigo.
Após se casar com BOAZ, Rute gera um filho chamado Obede, onde Obede gerou Jessé e Jessé gerou Davi. Ao terminar esta linda história de fé, amor e esperança, Obede diz ao seu neto, “Davi, se não fosse pela fé de Noemi e pela lealdade de Rute, nós, não estaríamos aqui”.

Antes de discorrer sobre o significado da coluna do Aprendiz, preciso abordar a questão das duas diferentes grafias presentes no âmbito maçônico e profano, sendo BOAZ e BOOZ.
A primeira versão do antigo testamento tinha sua grafia como BOAZ e ao ser traduzido para o latim teve sua grafia como BOOZ, porém este termo BOOZ é desconhecido no vernáculo hebraico e considerado uma deterioração da palavra original por equivoco de São Jeronimo, a igreja em seu respeito manteve sua tradução em seus livros até os tempos de hoje, conforme escrito na Bíblia Sagrada em “RUTE no campo de BOOZ”.

Pesquisando em obras antigas, descobri uma terceira grafia citada pelo escritor Manoel Arão da Academia Pernambucana de letras em sua obra de 1914, “A Legenda e a História na Maçonaria” na página 353 escrita como BOS. No atual ritual do Rito Escocês Antigo e Aceito de 2009 não menciona o nome da coluna do aprendiz, apenas diz que inicia com a letra B, porém, no ritual do mesmo Rito do ano de 1977 é dado o nome de “Coluna BOAZ” a coluna que tradicionalmente pronunciada como coluna B.
Segundo Rizzardo da Camino em sua obra “Dicionário Maçônico” a palavra BOAZ em sua tradução para o Hebraico significa força. BOAZ também é o nome de uma das colunas de ingresso ao templo, a coluna B, sua finalidade é de unir a força soprada do alto poder da loja.
Segundo Albert Pike, BOAZ significa “Nele está a força” e acrescenta; “Forte, Força, Poder, Refúgio, Fortalecendo, Estabilidade e Permanência no sentido passivo”.
Antes de finalizar este artigo, ressalto que a fé de Noemi e a fidelidade e perseverança de Rute vem somadas a história de BOAZ e jamais poderão ficar esquecidas como peças coadjuvantes desta importante simbologia ao iniciado.

Pude concluir que independente de sua correta grafia, o significado da coluna do aprendiz é da força que se deve buscar os mais sinceros sentimentos do coração para talhar sua pedra bruta em busca do “eu interior” sendo seu diamante em forma de pirâmide no mais oculto e habitável interior da terra.

Bibliografia
– Ritual – Rito Escocês Antigo e Aceito 2009
– Ritual – Rito Escocês Antigo e Aceito 1977
– Rizzardo da Camino – Dicionário Maçônico 2013
– Manoel Arão – A Legenda e a História na Maçonaria – 1914
– Albert Pike – Morals And Dogma 1871
– Bíblia Sagrada – 51º Edição – 2012
– O Filme – “O Livro de Rute e sua Jornada de Amor”
– Site: Universo Maçônico/ A Coluna B

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