A Mitra é uma parte da vestimenta usada em Graus Superiores da Maçonaria e sua primeira finalidade seria a da proteção.

CATOLICISMO

Durante muito tempo os Padres foram proibidos de usar chapeis e somente os Cardeais os usavam desde 1245 d. C. com o nome de“capello”ou “cobridor de cabelos”, ornato largo e vermelho com presilhas vermelhas que recaíam sobre o peito. Supostamente oriunda do “Camelaucum”, gorro que fazia parte do ornato dos dignitários do Império Romano.

A Mitra:
A Mitra é um chapéu litúrgico dos bispos e abades, que tem duas faces opostas de forma pentagonal. Por sua forma, a Mitra é de início, uma touca em forma de cone, que das extremidades livres de uma fita que guarnecia a testa desenvolveram-se as duas fitas, ínfulas, que pendem para trás. Desta forma, a Mitra apresenta-se como um chapéu que termina em fenda, como uma cabeça de peixe (cabeça de tainha) com cauda aberta, associada á Dagon, divindade do povo filisteu. Ressalta-se que “Dag”,em hebraico דג,significa “peixe”, antigo símbolo pelo qual os cristãos primitivos identificavam-se, por um desenho no chão e por uma frase em grego: “IesusChristusTheouYicusSoter” ou “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador”. Da frase grega tem-se o acróstico“ICHTHYS”, em grego ,que significa peixe, constituindo um símbolo formado por dois arcos que se cruzam, representando o perfil do animal em questão.

Mitra é um nome certamente inspirado na Torá conforme Êxodo 29:9:

“E lhes cingirás cintos, a Aarão e a seus filhos, e lhes atarás as mitras, e será para eles o sacerdócio como estatuto perpétuo; e consagraras a Aarão e a seus filhos”.

O cerimonial distingue dois tipos de Mitras:

A Ornada: quando é guarnecida de adornos, mais ou menos ricos, que se dividem em:

Preciosa (Pretiosa): é decorada com pedras preciosas e ouro;

Aurifrisada (Auriphrygiata): é de tecido liso de ouro ou de seda branca bordada a ouro e prata;

Faixada: com duas faixas ornamentais ou galões, uma (circulus) na borda mais baixa, e outra (titulus) em posição vertical, no meio de cada pala ou corno.

A Simples: que é inteiramente de tecido branco, interna e externamente, sem ornamentos, nem mesmo nas ínfulas, tira de tecido bordada e decorada, que portam franjas vermelhas

⦁ Ela será de linho para os bispos;
⦁ Adamascada branca apenas para os cardeais.

Para a Igreja a Mitra lembra a tiara do Sumo Sacerdote Aarão, onde os dois cornos (elevações) simbolizam os dois Testamentos.

A Mitra usada pelo bispo simboliza um capacete de defesa que deve tornar o prelado terrível aos adversários da verdade. Por isso, apenas aos bispos, salvo por especial delegação, cabe a imposição do Espírito Santo no sacramento da Crisma ou Confirmação.

Tradicionalmente, o Papa, conforme a circunstância serve-se de três tipos de Mitra:

A Gloriosa: ornada de pedras preciosas e de um círculo de ouro que lhe forma a base. Nesta categoria está inclusa a Mitra com a tripla faixa dourada;

A Preciosa: ricamente decorada, mas sem o círculo da base;

A Argêntea: de lhama de prata, correspondente à mitra simples dos bispos.

No caso do Papa, a Mitra pode ter o formato de uma coroa tripla, sendo, neste caso, chamada de tiara papal ou “triregnum”. O uso da tiara papal foi abandonado, mas não abolido, pelo Papa Paulo VI, que adotou a Mitra comum, com a intenção de enfatizar mais o caráter pastoral do que temporal da autoridade pontifícia.

No Cerimonial dos Bispos manda que a Mitra, o anel episcopal e o báculo (bastão ou cajado) sejam abençoados antes da ordenação episcopal de quem o deva receber, sendo que a primeira imposição deve ser feita apenas durante o rito da ordenação. Antes das celebrações litúrgicas, deve sempre ser um diácono quem impõe a Mitra no bispo.

Pelas normas litúrgicas atuais, a Mitra deve sempre ser uma só na mesma ação litúrgica. A Mitra Preciosa é usada nas celebrações mais solenes. A aurifrisada é usada no advento, na administração dos sacramentos, e nas “memórias”. A faixada, nos dias comuns. A Mitra simples usa-se na “Quarta-Feira de Cinzas”, na “Sexta-Feira Santa”, no dia de “Finados”, nas “Assembleias Quaresmais”, no rito da “Inscrição do Nome”, na solene celebração do sacramento da Penitência, na celebração de Exéquias(funeral) e quando um bispo concelebrar com outros, não sendo ele o celebrante principal. Portanto, nas concelebrações, somente o celebrante principal pode usar a Mitra ornada.

A Mitra é distinta de outras insígnias sempre é retirada quando o bispo está rezando, em decorrência do preceito apostólico do homem sempre rezar com a cabeça descoberta, conforme I Coríntios 11:04:

“Todo homem que ora ou profetiza com a cabeça coberta desonra a sua cabeça.”

Pelas leis litúrgicas a Mitra é usada pelo bispo, sobre o solidéu, quando:

⦁ Dirige-se ou retorna processionalmente;

⦁ Para alguma função sagrada;

⦁ Quando está sentado;

⦁ Quando faz homilia, ou seja, a explicação de um texto sagrado;

⦁ Quando faz saudações;

⦁ Locuções e avisos;

⦁ Quando dá a bênção solene; e

⦁ Quando faz gestos sacramentais.

O bispo não usa a Mitra:

⦁ Nas preces introdutórias;

⦁ Nas orações;

⦁ Na “Oração Universal”;

⦁ Na “Oração Eucarística”;

⦁ Durante a leitura do Evangelho;

⦁ Nos hinos, quando estes são cantados de pé;

⦁ Nas procissões em que leva o Santíssimo Sacramento, ou as relíquias do Santo Lenho; e

⦁ Diante do Santíssimo Sacramento exposto.

SIMBOLOGIA

A Mitra, em sua qualidade de peça que cobre a cabeça, simboliza também a cabeça e o pensamento. Assim, é o símbolo de identificação e distinção, assumindo toda a sua relevância, como no pensamento de Jung:

“O herói tem os pensamentos e empreende os projetos da pessoa cujo chapéu está usando. Mudar de chapéu é mudar de ideias, ter outra visão do mundo”.

Emblema da soberania, a Mitra tem a finalidade de fazer com que o usuário compreenda que não é um chefe com o poder de comandar arbitrariamente, de acordo com sua conveniência. Um soberano deve reinar e não exercer o mando. Somente se reina quando se traduz a vontade geral. O Sumo Sacerdote não dirigirá uma cerimônia de acordo com as próprias ideias, mas inspirar-se-á nas aspirações mais elevadas da coletividade. Nesse idealismo coletivo forma-se o diadema luminoso, o coroamento da Árvore Sephirótica, em Kether,a primeira Sephirá, a coroa do Sumo Sacerdote.

Albert GallantinMackey(1807 – 1881), médico americano e escritor maçônico, descreve que:

“Tirar a cobertura na presença de superiores foi considerado, entre todas as nações cristãs, uma demonstração de respeito e reverência. Nas nações orientais, descobrem-se os pés quando se entra em lugar sagrado, nas nações ocidentais, descobre-se a cabeça.”

LITURGIA

Nota-se na Ritualística Maçônica, assim como no Catolicismo, que se usa a cobertura durante as cerimônias, onde o dirigente descobre-se durante as orações de abertura e encerramento, ao contrário do Judaísmo em que se conservam cobertos.

Ressalta-se a mensagem de Zacarias 3:5, onde se lê nas Sagradas Escrituras:

“E eu disse: Ponham uma Mitra limpa sobre a sua cabeça.”

Em hebraico a palavra Mitra seria צניףou Saniphcomo um ornato para a cabeça, uma peça de pano, coroa, diadema, turbante, touca, um atavio de cabeça. Pela Guematria de צניףteríamos 80 + 10 + 50 + 90 = 230 = 05, que corresponde á carta de Tarô, o Papa que na língua inglesa seria “The High Priest”, Figura 04, como arcano da bênção, da iniciação, da demonstração, do ensino, do dever, da moral, da consciência e da santidade. A carta evoca os níveis mais altos de consciência.

A autoridade com que se reveste o dirigente, quando do uso de sua Mitra, relembra-o de que antes obedecia e agora exerce o mando sinceramente como guia espiritual e amigo. Essa autoridade, porém, não exclui a obediência e não concede poderes discricionários de mando. A Mitra, embora considerada substituta da coroa, traduz a perfeita igualdade entre os Irmãos, e incute naquele que a utiliza o dever de governar com responsabilidade, de acordo com a justa vontade da coletividade. Assim, o Maçom não se descobre nem se curva diante dos desmandos e das arbitrariedades dos homens. Portanto, o Maçom deve envidar o máximo esforço para atingir a mais elevada razão, que será conferida pela realeza e distinção do uso da Mitra.

KABBALAH

Simbolicamente, diz o escritor Oswald Wirth (1860-1943)no “Livre duMaître” nas páginas 185 e 186, que todo o interesse do chapéu limita-se ao fato de que ele substitui a Coroa, que na Kabbalah é representado por Ketherna primeira Sephirá.Ou seja, a Mitra representa o objetivo finalístico da caminhada do Maçom.

Nas Orações o Maçom descobre-se, pois procura experimentar o preenchimento do corpo espiritual pela Luz do Criador. Serve para que o mesmo relembre o prazer que é receber em seu interior a Luz do Criador. Entretanto, ao final da Oração, se tem a real percepção que não pode continuar a descoberto, pois caso permanecesse nesta situação, receberia de forma egoísta a Luz do Altíssimo.

O Zohar, considerado como o “Livro do Esplendor” no judaísmo, diz que é impossível alcançar a fé perfeita e desinteressada de qualquer outra maneira senão através do temor ao Criador. E a medida do temor irá determinar a medida da fé. Portanto, antes de poder praticar o exercício de deixar trespassar uma centelha mínima de Luz do Criador, deve-se estar preparado para tal. Destarte, busca-se o equilíbrio, conforme a Sétima Lei do Cosmos, segundo “O Caibalion”, onde se lê:
“Tudo está em equilíbrio”.“Todas as atividades no Cosmos são equilibradas e compensadas, e manifestam um estado de estabilidade, equilíbrio e contrapeso”.

Em equilíbrio o Maçom que trabalha com paciência, perseverança e aplicação, liberta-se dos erros e desenvolve-se na senda do progresso, no desbaste da Pedra Bruta, chegando ao alvo procurado, a Paz Suprema e o contato com o Altíssimo. Como no BhagavadGîtâ, Capítulo IV, Jnana Yoga – O Conhecimento Espiritual, no diálogo de KrishnacomArjuna:

“O homem pode libertar-se da ilusão do ‘eu pessoal’, e alcançar a união com a Essência Divina, pelo conhecimento interior de si próprio, isto é, pela iluminação interior. Esta força aumenta com a prática, quando se cumpre o dever com abnegação”.

bibliografia

  • Ritual 01, do Grand College of the Holy Royal Arch
    Knight Templar Priests and Order Holy Wisdom, Editado
    sob autoridade do Conselho Geral, York, 2014(com as
    alterações de junho de 2015).
  • G\Juiz Comend\ ou G\Insp\ Inquisid\ Comend\
    Ritual do Gr\ 31 do Sup\Cons\ do Gr\33 do R\E\A\A\
    da Maçonaria para a República Federativa do Basil, 1999.
  • Bíblia Evangélica – Sociedade Bíblica do Brasil, Trad.
    João Ferreira de Almeida.
  • Bíblia Hebraica, Tanah, Editora Sêfer, 1ª Edição, São
    Paulo, 2006.
  • Buckland, Dicionário Bíblico Universal, 1ª Edição,
    Editora Vida, 1994.
  • James M. Robinson, “A Biblioteca de Nag Hammadi”,
    Editora Madras, 2014.
  • Joaquim Gervásio de Figueiredo, “Dicionário de
    Maçonaria”, Editora Pensamento, São Paulo, 1997.
  • Geza Vermes, “Os Manuscritos do Mar Morto”, Editora
    Mercuryo, 2005.
  • Strong, James, “Dicionário Bíblico de Concordância em
    Hebraico”, 1ª Edição, 2002.
  • Torá, A Lei de Moisés, Editora Sêfer, 2ª Edição, 2001.
  • Zumerkorn, David, “Numerologia Judaica e seus
    mistérios”, 2ª edição, Editora Maayanot, São Paulo, 2011.

Autor: Ir.: André Muniz Marinho da Rocha
Membro da Comissão de Assuntos Gerais da
G.:L.:E.:S.:P.:
ARLS União do Vale Nº 214
Or.: de São José dos Campos • GLESP-SP

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