As várias formas de cruzes são símbolos universais e possuem significado diverso para cada civilização e povo, sendo que, geralmente, são interpretadas como FÉ, CARIDADE, FORÇA ESPIRITUAL.
A Maçonaria reconhece a importância deste símbolo e incutiu, em seu seus ensinamentos e estudos várias passagens em que as cruzes passam a deter relevante importância mística, esotérica, filosófica e simbólica.

Por exemplo, temos que a Cruz Católica, representando a FÉ, encontra-se presente na Escada de Jacó, tão prestigiada pelos maçons, em suas falas dentro de nossas Oficinas, principalmente quando da Iniciação de novos Irmãos.

Temos, também, o esoterismo impregnado na decifração da Pedra Cúbica, posto que, quando desfragmentada se transforma na representação maçônica da Cruz Católica, já que, desmontada, aquela se transmuta no formato desta.

Entretanto, talvez, as duas cruzes que possuem maior significação litúrgica e funcional para a Maçonaria são as representações gráficas da Cruz Dupla e da Cruz de Santo André.

Estas duas cruzes se encontram insertas na Prancha de Delinear, que se posta no Oriente e está representada nos Painéis de Aprendiz e Companheiro Maçom, das quais os Mestres devem ter pleno conhecimento, a fim de melhor traçar os planos para condução dos trabalhos.

Os segredos escondidos em seus simbolismos devem servir de estímulo para o conhecimento maçônico e suas interpretações e deciframentos são as chaves do Alfabeto Maçônico, que apesar de pouco usado na atualidade, sempre deteve relevante e peculiar importância para a Ordem Maçônica.

Nos tempos de perseguição aos Maçons e à Maçonaria – tanto pelas Religiões quanto pelos Governos, despóticos, ditatoriais e/ou antidemocráticos – os Mestres se utilizavam deste Alfabeto para construir seus balaustres, pranchas, peças de arquitetura e demais documentos, a fim de que não fosse possível a um profano desvendar os conhecimentos e informações da Ordem.

Esta é a razão pela qual o Venerável Mestre – quando recebe a Bolsa de Propostas e Informações – informa que as pranchas ali encontradas serão decifradas, rememorando aos nossos antepassados.

O Alfabeto Maçônico é uma forma muito antiga de escrita e era utilizada principalmente em seus primórdios, contudo sua grafia não era uniformizada, havendo variações de sistemas hieróglifos, Alemão, Inglês e da Idade Média, variando de acordo com os usos e costumes de cada região.

O Alfabeto Maçônico, mais comumente utilizado é o sistema inglês, que é um aperfeiçoamento do sistema alemão, já que neste não existe a grafia de todas as letras do alfabeto.

O Sistema Alemão foi criado e disseminado pelo alquimista alemão Cornelius Agrippa von Nettsesheim, tendo sido publicado, pela primeira vez, em 1553, sendo denominado de Cifra Pig Pen, a qual, tem tradução literal do nome por cifra “Porco no Chiqueiro”, se dando em razão de que cada uma das letras (os porcos) é colocada numa “casa” (o chiqueiro).

Desta forma, para uma melhor compreensão, compilamos o alfabeto decifrando as chaves maçônicas, conforme acima exposto.

Inegável é que aos maçons, principalmente aos Mestres, tais conhecimentos são imprescindíveis, seja em razão do simbolismo impregnado nestes ensinamentos, seja em razão de que a qualquer momento, em uma situação de cerceamento dos direitos individuais e coletivos, pode ocorrer a necessidade de que, em nossa Ordem, exija-nos o retorno de sua utilização.

Para tanto, o conhecimento dos mistérios da Prancha de Delinear – ou Prancheta de Mestre – como tábua de traçar os planos de trabalhos maçônicos se torna intangível, já que como em nosso juramento de sangue – onde prometemos dar nossa vida em prol da luta contra os vícios e contra aqueles que abusam, denigrem e defraudam a sociedade – devemos sempre nos manter preparados para assumir nossos postos de ação e utilizarmos de nossos conhecimentos para proteção da Ordem, de nossa Pátria e de nossas Famílias.

Assim, a partir de então, passemos a entender que a Prancheta de Mestre não é apenas mais um dos meros instrumentos de trabalhos dos Obreiros, onde são traçados os planos e projetos da grande obra universal, mas sim, e também, a chave de um conhecimento maçônico oculto que rememora aos nossos predecessores e nos dá subsídio do simbolismo das mais antigas eras do passado.

Façamos disseminar tal conhecimento, vez que, por alguma oportunidade, poderá sê-lo a diferença entre a extinção ou manutenção (mesmo que oculta) de nossa Ordem.

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AELS Obreiros da Paz, n° 19 Oriente de Bujari • GLEAC/CMSB