no interior de um Templo Maçônico que adota o R∴E∴A∴A∴ encontram-se doze colunas zodiacais, estando seis ao Norte e seis ao Sul. No pórtico do Templo, do lado exterior, há duas grandes colunas de bronze (colunas “B” e “J”) de trinta e cinco côvados de altura, doze de circunferência e quatro de diâmetro, com um capitel sobre cada uma, com cinco côvados de altura cada qual, conforme as conhecidas medidas bíblicas.

Há, portanto, nos Templos que adotam o R∴E∴A∴A∴, quatorze colunas aparentes, somando-se as colunas “B” e “J” externas às doze colunas zodiacais internas. Tais colunas têm significado e simbolismo ímpares, sendo sobremaneira abrangente o seu campo de estudo e os significados que cada qual apresenta.

No que tange às colunas zodiacais, a sua investigação é emblemática na tradição maçônica, por trazer à luz o conhecimento sobre as fases da vida humana e da passagem de um grau simbólico a outro, partindo da iniciação, passando pelo companheirismo e chegando ao mestrado.

Trata-se da investigação sobre o duodenário, que representa a divisão mais antiga e natural do círculo. Em termos geométricos, o duodenário está formado por dois diâmetros que se cruzam em ângulos retos e por quatro arcos, de raio idêntico ao da circunferência, traçados e tendo como centro os pontos extremos da cruz.

Essa é uma divisão que completa o ciclo do ano, com doze meses, certo de que cada mês guarda uma representação zodiacal própria. O iniciar e o findar de um ano representa o ciclo da vida dividido em etapas, que se renova a cada final de dezembro e início de janeiro, e assim por diante.

planeta Terra faz o seu movimento de translação, que é aquele realizado em torno do Sol, com duração de 365 dias, 5 horas e 47 minutos, movendo-se a uma velocidade orbital média de 29,78 quilômetros por segundo. Pelo fato de o ano civil ser contado em dias, a cada quatro anos realiza-se o chamado ano bissexto, que compensa as quase seis horas anuais não computadas na divisão dos dias. Daí o motivo de ser acrescentado mais um dia (29 de fevereiro) ao calendário gregoriano.

O duodenário zodiacal fixa-se em símbolos que representam cada qual das doze divisões do ano, baseados em animais (v.g., Áries, cujo símbolo é um carneiro; Câncer, cujo símbolo é um caranguejo), em seres mitológicos (v.g., sagitário, cujo símbolo é um centauro) e outros seres animados (v.g., Gêmeos e Virgem), à exceção apenas de Libra, cuja representação é um objeto (balança).

Importa também esclarecer que o duodenário zodiacal tem estreita ligação com sete astros, que se ligam aos signos agregando-lhes potência e vigor, na seguinte ordem:
SOL Leão
LUA Câncer
MERCÚRIO Gêmeos e Virgem
VÊNUS Touro e Libra
MARTE Áries e Escorpião
JÚPITER Peixes e Sagitário
SATURNO Aquário e Capricórnio

Como se não bastasse, cada um dos signos do zodíaco comporta as características e vibrações intrínsecas de um dos quatro elementos da natureza, na seguinte divisão de quatro (elementos) por três (signos):
FOGO Áries, Leão e Sagitário
TERRA Touro, Virgem e Capricórnio
AR Gêmeos, Libra e Aquário
ÁGUA Câncer, Escorpião e Peixes

Portanto, os signos zodiacais são compostos de dois pilares fundamentais, sendo o primeiro um dos sete astros referidos (Sol, Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno), e o segundo um dos quatro elementos da natureza (fogo, terra, ar e água). Essa combinação entre astros e elementos da natureza caracteriza e atribui significado próprio a cada um dos signos, os quais também passam a emprestar à tradição maçônica as suas respectivas interpretações.

Ademais, quando se analisa a personalidade de cada indivíduo, percebe-se que, de fato, as características presentes nos signos – completadas pelas suas relações com os astros e os elementos da natureza – transpõem-se, em certa medida, para os seres humanos, ainda que cada qual se distinga um dos outros pelas suas ações e atos, nem sempre pautados por conexões astrais. No entanto, não há dúvidas de que os signos (e suas combinações) exercem certa influência nas características intrínsecas de cada indivíduo e, por isso, são objeto de estudo maçônico.

A presença no Templo de seis colunas ao Norte e seis ao Sul, cada qual representativa de um signo, é emblemática dessa tradição em compreender a vida e 48 | uma | 17 as atitudes humanas por meio do simbolismo zodiacal.

Como se não bastasse, o duodenário zodiacal guarda estreita relação com os três graus simbólicos da maçonaria, sendo as seis colunas do Norte relativas ao grau de Aprendiz, a primeira coluna do Sul (Libra) relativa ao grau de Companheiro, e as demais colunas do Sul relativas ao grau de Mestre.

Abaixo do capitel de cada coluna vêm fixados os signos do zodíaco respectivos, a começar por Áries e terminando com Peixes. Também, em cada qual das doze colunas os signos respectivos aparecem com um símbolo de Ativo e Passivo, na seguinte ordem:
ATIVOS Áries, Gêmeos, Leão, Libra, Sagitário e Aquário
PASSIVOS Touro, Câncer, Virgem, Escorpião, Capricórnio e Peixes

Portanto, os doze signos do zodíaco guardam, cada qual, uma representação própria no universo maçônico, perfazendo o caminho e o labor do Aprendiz, sua passagem para o grau de Companheiro e a chegada ao grau de Mestre Maçom.

Destaque-se que o número doze aparece fortemente no Apocalipse, Capítulo 21, Versículos 12 a 14, ao descrever a cidade santa de Jerusalém, nos seguintes termos: “Tinha grande e alta muralha, doze portas, e, junto às portas, doze anjos, e, sobre elas, nomes inscritos, que são os nomes das doze tribos dos filhos de Israel. Três portas se achavam a leste, três, ao norte, três, ao sul, e três, a oeste.
A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre estes os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro”.

A repetição do mesmo numeral também se faz presente na abertura ritualística do R∴E∴A∴A∴, quando o Venerável Mestre dá três batidas com o malhete, seguidas de três batidas do Primeiro Vigilante, três batidas do Segundo Vigilante e três batidas do Cobridor Interno, computando-se doze batidas dentro do Templo.

O Cobridor Externo, a seu turno, também empreende três batidas fora do Templo, perfazendo, agora, o número de quinze batidas ao todo. Dessas quinze batidas, conhecemos as quatorze colunas respectivas, que são, repita-se, as colunas “B” e “J” (fora do Templo) e as doze colunas zodiacais (dentro do Templo). Em princípio, portanto, estaria sobrando uma batida e, consequentemente, faltando uma coluna no Templo.

No entanto, a décima quinta coluna existe e está em lugar privilegiado dentro do Templo. Porém, trata-se de uma coluna invisível aos olhos humanos, podendo apenas ser sentida, e, ainda assim, não por todos os Irmãos, senão apenas por aqueles muito concentrados e cujo pensamento está, efetivamente, elevado ao Grande Arquiteto do Universo. A décima quinta coluna é superior às colunas externas “B” e “J” e às doze colunas zodiacais internas, tanto em poder quanto em exuberância.

A décima quinta coluna é aquela que agrega em sua dimensão todas as demais quatorze colunas do Templo, unindo-as em uma força espiritual única. Esta coluna invisível não apresenta nenhuma forma ou característica própria, além de não comportar em sua estrutura qualquer um dos signos, revelando-se, por isso, única em todos os sentidos. Também não se trata de uma coluna Ativa ou Passiva, sendo, pelo contrário, a simbiose dessas duas atividades, formando, com a junção dos triângulos Ativo e Passivo, uma estrela de seis pontas (Estrela de Davi) que representa a união do masculino com o feminino e a ligação da Terra com o Céu.

Onde, então, se encontra a décima quinta coluna no Templo? A décima quinta coluna é aquela que se ergue a partir do Altar dos Juramentos e se eleva até o Grande Arquiteto do Universo, num feixe de luz branca e potente, visível apenas em pensamento e em estado de profunda reflexão, ao elevarmos os nossos pensamentos a Deus. Esta coluna é formada pelo Ativo ∆ e pelo Passivo ∇ conjuntamente, gerando o hexagrama que permite unir a Loja (a Terra) a Deus (os Céus).

Esta coluna invisível, edificada em forma de luz, se levanta a cada abertura do Livro da Lei nas Lojas. Aberto o Livro da Lei, a sua luz branca e radiante rompe a abóbada do Templo e atinge os Céus, chegando até o Grande Arquiteto do Universo, para que Ele guie, com toda a Sua sabedoria, os trabalhos que terão início naquela sessão.

A décima quinta coluna, edificada sobre o Altar dos Juramentos e de altura infinita, consubstancia-se na somatória espiritual das luzes postas nos altares em que se assentam o Venerável Mestre, o Primeiro e o Segundo Vigilantes, determinando a unidade do espírito, tal a unidade da santíssima Trindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Enfim, a “coluna das colunas” – que não guarda quaisquer características das demais, quer em forma, quer em simbologia – é, em última análise, o verdadeiro sustentáculo dos trabalhos em Loja, pois liga a Oficina ao Grande Arquiteto do Universo, para o fim de orientar e guiar todas as atividades empreendidas, sem o que o edifício maçônico não contará com fundamentos sólidos, e nós, maçons, não lograremos jamais encontrar a Verdade.

Ir∴ Valerio De Oliveira Mazzuol

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