SEGUNDO O RITUAL DO GRAU DE APRENDIZ (FLS. 136 – GLMMG) Obedecendo a uma antiga tradição, ofereço-vos dois pares de luvas. Uma é para vós; pela sua alvura vos recordará a candura que deve reinar no coração dos Maçons e, ao mesmo tempo, vos avisará de que nunca devereis manchar as vossas mãos nas impurezas do vício e do crime; o outro será para oferecerdes àquela que mais estimardes e que mais direito tiver ao vosso respeito, a fim de que ela vos recorde constantemente os deveres que acabais de contrair para a Maçonaria… EXPLICAÇÕES COMPLEMENTARES: A luva branca que recebe (o iniciado) ao final de vossa admissão no Templo da Virtude revela por sua brancura, que nunca deveis manchá-las, incólumes as vossas mãos, das águas sujas do vício. Registros dão conta de que os dois pares de luvas –, será destinado ao uso pelo Irmão em reuniões (específicas). Sendo o outro par entregue àquela que mais direito tiver a vossa estima e ao vosso afeto. A Maçonaria tem as luvas brancas como o símbolo do amor e do carinho para com a mulher. CONCEITOS ANTIGOS: O uso das luvas é antiquíssimo remonta ao tempo das cavernas: • Homero fala de luvas nos seus poemas. • Xenofonte diz que os Persas usavam luvas. • Temos exposto no Museu do Cairo uma luva de tapeçaria de linho, com cadarço de abotoamento no pulso, encontrada na tumba do jovem rei egípcio TUTANKHAMON. Na idade média os dignitários eclesiásticos, [o Papa, os cardeais, os bispos] usavam luvas para os atos litúrgicos. Portanto, a Maçonaria chamada operativa utilizava as luvas para proteger as mãos dos seus pedreiros nos trabalhos. Ação que se distende até os dias de hoje – trazendo consigo um lema “COMO REPRESENTAÇÃO SIMBÓLICA DE PROTEÇÃO DAS MÃOS CONTRA AS IMPUREZAS MORAIS”. A MAÇONARIA NA FAMILIARIDADE COM A MULHER: Segundo Jaime Balbino (Irmão) no seu trabalho diz: “Que a mulher esposa tem por sua vez os direitos sustentados desde os dias do chamado PONTIFICADO ROMANO” Entretanto esposa, irmã, filha ou mãe é sempre a mulher que distribui consolação, promove alentos e distribui conforto, tanto nas horas felizes da família como nas atribulações e nos desfalecimentos da vida e de seu esposo. Logo tal homenagem da Maçonaria é, sob todos os aspectos, mais do que lógica. Um provérbio persa diz: “Não firas a mulher nem com a pétala de uma rosa”. A Maçonaria reforça este aforismo ainda mais: Nunca firas a mulher com um lampejo de pensamento. Seja ela moça ou idosa, formosa ou feia, má ou bondosa, delicada ou áspera, sabe ser sempre o segredo do G∴A∴D∴U∴. EXPLICAÇÕES COMPLEMENTARES: XENOFONTE (Historiador Grego) nasceu em Atenas, em uma família abastada e foi discípulo de Sócrates até 401 a.C, quando se juntou aos mercenários gregos que combateram na Pérsia em favor de Ciro, o jovem, contra seu irmão, Artaxerxes II. Os gregos venceram, mas Ciro foi morto após a batalha de Cunaxa. Os mercenários (chamados de “Os Dez Mil”) tiveram de fugir, atravessando um território hostil. Xenofonte foi um dos líderes da bem-sucedida retirada. Lutou novamente contra os persas ao lado dos espartanos e tornou-se amigo do rei Agesilau (396 a.C.). Acompanhou-o de volta à Grécia quando começou a Guerra de Corinto (395/387 a.C.) e consta que ficou do lado de Esparta durante a batalha de Queronéia (394 a.C.), aparentemente sem participar dos combates. TUTANKHAMON – Foi um faraó que governou o Egito há mais de 3.000 anos e que morreu misteriosamente jovem com 18 anos. Nascido como Tutankhaton, no Palácio real de Tebas, com 10 anos de idade casou-se com Eneckhes-en-pa-Aton, a filha mais nova do faraó Akhenaton (Amenophis IV) e Nefertiti. Mudou seu nome para homenagear ao deus AMON. Aquenáton (Akhenaton), era conhecido antes do quinto ano de seu reinado como Amenófis IV ou em egípcio antigo Amenhotep IV, foi Faraó da XVIII dinastia do Egito que reinou por dezessete anos e morreu em 1336 ou 1334 a.C. Foi enterrado no Vale dos Reis, em um túmulo magnífico, nunca violado. MAÇONARIA OPERATIVA – Segundo alguns registros data do Século IX, era uma união de construtores, preocupados com a regulamentação do exercício da profissão. Não preocupado com os historiadores sobre a origem real –, cremos que eram segredos exclusivamente profissionais, guardados com rigor, sobre a arte de construir. (grifo meu). COMPLEMENTOS: REGISTROS HISTÓRICOS Possivelmente, sua origem remonta ao século X. Uma crônica relata que, no ano 960, os monges do Monastério de São Albano, em Mogúncia, ofereciam um par de luvas ao bispo, em sua investi-dura. Na oração, que se pronunciava na cerimônia da investidura, implorava-se a Deus que ves-tisse, com pureza, as mãos de seu servente. Durandus de Mende (1237-1206 a. C) interpretava as luvas como símbolo de modéstia, já que as boas obras executadas com humildade devem ser mantidas em segredo. Na investidura dos reis da França, estes recebiam um par de luvas, tal como os bispos. As mãos ungidas e consagradas do rei, assim como as de um bispo, não deviam ter contato com coisas impuras. Depois da ceri-mônia, o Hospitalário queimava-as, para impedir que pudessem ser utilizadas para usos profanos. No ano 1322, em Ely (cidade inglesa, onde se levanta uma grande catedral), o Sacristão comprou luvas para os maçons ocupados na “nova obra”; em 1456, no Colégio Eton, destaca-se que cinco pares de luvas foram entregues aos pedreiros que edificavam os muros, “como é obrigação por costume”. Há também um documento no Colégio Canterbury em Oxford ,onde o Mordomo anotou, em suas contas, que se deram vinte “pence” como “glove Money” (dinheiro de luva) a todos os maçons ocupados na reconstrução do Colégio”. Em 1423, em York (Inglaterra) dez pares de luvas foram subministrados aos pedreiros “setters”, com um custo total de dezoito “pence”. Também na Inglaterra, nas épocas isabelina e jacobina (1558-1625), as luvas tinham um prestígio difícil de compreender na atualidade. Tratava-se de um artigo de luxo, possuidor de muito simbolismo, e constituíam um presente apreciado. A luva signifi-cava, então, um profundo e recíproco vínculo entre quem a dava e quem a recebia. MARCO DE USO NA MAÇONARIA As luvas lembram proteção –, no passado serviam para proteger as mãos contra o frio, o fogo, as impurezas e no trabalho. Antigamente a nossa Ordem era composta por pedreiros “Maçons Operativos” que eram (Construtores de Catedrais, Castelos e Mausoléus etc.) que as transformava em belas peças de arquiteturas. A construção destes eram traçados e planejados pelos Maçons Operativos em reuniões e o resultado final dos projetos definidos era mantido em sigilos. No entanto, com advento da tecnologia os Maçons (antigos) foram paulatinamente integrados à Maçonaria especulativa passando o talhar da pedra vencida. Baliza que o Edifício que se constrói (hoje) é simbolicamente o Edifício Social, Moral e Ético, através do exemplo de ação, que simboliza o crescimento da humanidade, edificando conceitos de liberdade, igualdade e fraternidade, com o aprimoramento do caráter. COMO USAR A LUVA BRANCA? Não existe uma forma padronizada e recomendada pela Maçonaria. A orientação para a “Cunhada ou” que tenha sempre consigo ao alcance, seu par de luvas, pois em momentos de dificuldades, discretamente deixa a luva em exibição, não se preocupando com a configuração da apresentação. Informamos existir alguns costumes que devem ser exercidos pela “Cunhada ou”: (1) Tirar a luva da bolsa e balançar, (2) Colocá-la sobre o punho, (3) Calçá-la sobre uma das mãos. Neste contexto, ainda existem registros da abordagem, ou seja, a interlocução do “Irmão com a Cunhada ou”, em situações acima já mencionadas, e que juntos constroem o diálogo: Quem lhe deu estas luvas ou Quem vos deu? Por sua vez a “cunhada ou” responde [foi um homem do bem ou um homem livre e de bons costumes]. “Os caminhos diante da existência espiritual transcendem aos desejos materiais”. Amâncio BIBLIOGRAFIA • rsalomao@enersulnet.com.br, • HTTP:/www.solbrilhando.com.br e Ritual Grau Aprendiz – 2017 • Pesquisas próprias do Autor • Trabalho de León Zeldis, Publicado no Correio Filosófico [GOPB], Nº 56 maio 2013. • Trabalho em PowerPoint – Luvas Brancas para o Palácio, Raimundo. • Ritual do Grau de Aprendiz da GLMMG PUBLICAÇÃO: REVISTA CONSCIÊNCIA, 2014, ANO 23 Nº 112 PÁGINA 8, CAMPO GRANDE – MS