EQUINÓCIO (do latim: aequinoctiu = noite igual; aequale = igual + nocte = noite) é o ponto da órbita da Terra onde a duração do dia e da noite são iguais. Dessa forma, pode ser dito que por ocasião do equinócio os raios solares estão com maior incidência nas regiões próximas da linha do Equador, fazendo com que o dia e a noite tenham o mesmo período (aproximadamente 12 horas cada).

Assim, a partir do dia em que ocorre o equinócio de outono as noites começam a crescer, até que se chegue ao solstício de inverno, que é o ponto da órbita da Terra onde existe a maior disparidade entre a duração do dia e da noite, ocorrendo, no caso do solstício de inverno, a noite mais longa do ano (vide o DIÁLOGO MAÇÔNICO No 0361).

Vejamos o que nos diz Joaquim Gervásio de Figueiredo 2 em seu Dicionário de Maçonaria para o verbete equinócio:
“EQUINÓCIOS (do latim aequinoctiu = aequus, igual + nox, noite). Pontos da órbita da Terra ao redor do Sol, em que a inclinação polar forma ângulo reto com uma linha traçada entre a Terra e o Sol, resultando, nessa ocasião, ser igual a extensão do dia e da noite em todas as regiões terrestres.

Isto ocorre em dois pontos da eclíptica terrestre, chamados, no hemisfério norte, respectivamente, Equinócio Vernal, quando o Sol entra no signo de Áries em 21 de março, e Equinócio Outonal, quando entra no signo de Libra em 22 de setembro.

Também se diz, popularmente, que é a ocasião em que o Sol corta o Equador, em sua marcha do hemisfério sul para o norte (Primavera), e em seu regresso do hemisfério norte para o sul (Outono).

Esse período tem sido simbolicamente representado, desde a mais remota antiguidade, por mitos e lendas religiosas e maçônicas, cultuando-se então a morte e glorificação de deuses, heróis ou instrutores, entre os quais está Hiram Abif.

O nascimento deles era e é comemorado por ocasião do solstício do inverno: 25 de dezembro para o hemisfério norte. A data de sua morte não é fixa como a do seu nascimento, pois é celebrada segundo as posições relativas do Sol e da Lua no equinócio da primavera, as quais variam a cada ano.

A morte de todos os heróis Solares era celebrada nesta época (25 de março ou próximo). Os capítulos Rosa-Cruz celebraram solenemente a data do Equinócio Vernal em data mais ou menos coincidente com as comemorações da morte de Cristo.”.

Rizzardo da Camino, por sua vez, no Grande Dicionário Maçônico 3, para o verbete equinócio, traz a seguinte descrição:
“O Sol ao descrever a elíptica, passa pelo Equador, igualando os dias com as noites. Dois são os Equinócios formados pela elíptica do Sol: o da Primavera, que ocorre a 20 de março e o do Outono que acontece a 22 de setembro. Não se confunda o Equinócio com o Solstício.

Na maçonaria filosófica, certos corpos reúnem-se obrigatoriamente nas datas equinociais.”

Observação:
evidentemente que Rizzardo da Camino ao afirmar que o Equinócio da Primavera ocorre em 20 de março e que o de Outono em 22 de setembro, ele está se referindo ao Hemisfério Norte.

O Irmão Gilberto Lyra Stuckert Filho em seu Dicionário Maçônico – Cristão4, traz o seguinte para o termo Equinócio:
“Palavra originária do latim. Ponto ou momento em que o sol traça a eclíptica separando o equador, fazendo com que o dia seja noite em todo planeta. Os Equinócios, assim como os Solstícios, são passagens comemoradas na Maçonaria: o primeiro nos meses de março e setembro; e, o segundo, nos meses de junho e dezembro.”

No Dicionário Online de Português5, o Significado de Equinócio está assim definido:
“Substantivo masculino – Período do ano em que o Sol, em seu movimento próprio aparente, corta o equador, fazendo com que o dia e a noite tenham a mesma duração; as épocas em que esse movimento ocorre.

Etimologia (origem da palavra equinócio). Do latim aequinoctium.ii, “dias iguais”.

O equinócio de outono no Hemisfério Sul, onde está o Brasil, neste ano de 2023 ocorreu no dia 20 de março às 18hs25min.

No Brasil, não é comum a comemoração dos equinócios, mas, entendemos que seria oportuno escrever, ou melhor dizendo, reescrever 6 sobre o tema, com o objetivo de ressaltar este importante fenômeno da astronomia, haja vista que o equinócio é definido como o instante em que o Sol, em sua órbita aparente, cruza o equador celeste.

No referencial da Terra, o Sol se move ao longo do ano sobre a Eclíptica, que se estende sobre as treze constelações que formam o Zodíaco, incluindo a constelação de Ofiúco.

O início do outono tanto no Hemisfério Norte do planeta Terra (que, em regra, ocorre no dia 21 de setembro), onde nasceu a Maçonaria, quanto no hemisfério Sul, representa na astronomia, como dito, o Equinócio (equidistante).

O equinócio de Outono, que é também conhecido por “Ponto Libra”, ocorre em oposição ao equinócio de Primavera, pois as estações do ano são diferentes em cada hemisfério da Terra. Em outras palavras, quando o Hemisfério Norte está no equinócio de Outono, no Hemisfério Sul é equinócio de Primavera e vice-versa.

Esse fenômeno ocorre porque o Sol projeta seus raios perpendicularmente sobre o equador terrestre, fazendo com que os dias e as noites tenham igual duração. Sob o ponto de vista da meia-esfera norte do nosso Planeta, o astro rei aparenta seu deslocamento para o Sul. Logo depois, as noites no setentrião passam a ser mais longas do que os dias. Esse teatro da Natureza foi base elementar para os cultos solares da antiguidade.

Sob o ponto de vista do Norte, a Natureza se prepara para completar seu ciclo, qual seja, morrer para renascer. Essa alegoria é amplamente aplicada sobre a jornada iniciática na Sublime Ordem. É tempo de reflexão. É tempo de compreensão. O iniciado ingressou no Sul. E completa a metade da caminhada. O tempo sinaliza a maturidade e o fenecimento. Logo tu dirás: “essa idade não me agrada”. É outono no Norte. O fruto disponibilizará as sementes. Estas então, seguindo a Lei do Universo, morrerão para produzir bons frutos. Esta mesma reflexão vale para o Sul. Portanto, é momento de atenção, quiçá de meditação, para a evolução com amadurecimento.

O Irmão Pedro Juk nos chama a atenção, na peça de arquitetura “Qual o sentido da Páscoa para a Maçonaria e para os Maçons?”7, que as datas e períodos solsticiais e equinociais sempre estiveram ligados aos procedimentos maçônicos, sejam eles de conduta operativa, sejam eles de conduta especulativa. Assim eles permaneceram mais tarde também na decoração dos espaços de trabalhos maçônicos – Templos, Lojas, ou Salas das Lojas – de acordo com os diversos sistemas praticados, seja como um símbolo específico, seja como uma alegoria iniciática.”

É de conhecimento que a Maçonaria não é uma religião, mas ela é religiosa (nós devemos sempre buscar nossa ligação com o Divino, representado pelo Grande ou Supremo Arquiteto do Universo); contudo, é sabido a influência religiosa sobre os Canteiros Medievais que deram origem à Franco-Maçonaria e depois à Moderna Maçonaria, com o propósito de estimular o aprimoramento e a evolução principalmente espiritual do Homem, como elemento principal da sua matéria-prima.

Também é de domínio dos Maçons que a Maçonaria foi constituída de forma que cada um de seus membros possa seguir, de acordo com o seu livre arbítrio, a crença que melhor lhe convier ou até não seguir crença alguma, desde que creia na existência de um Criador do Universo.

É interessante recordar que a Páscoa (do hebraico pesach, pelo grego Páscha, pelo latim clássico Pascha), na época pré-mosaica era considerada a festa da primavera dos pastores nômades; a festa anual dos hebreus, transformada em memorial de sua saída do Egito e para os Cristãos é a festa anual que comemora a ressurreição de Cristo e é celebrada no primeiro domingo depois da lua cheia do equinócio de março.

Com a devida licença do leitor deste DIÁLOGO MAÇÔNICO, uma vez mais, citamos o Irmão Pedro Juk, na mencionada peça de arquitetura, quando ele afirma: “Em linhas gerais a ‘Ressurreição de Jesus’, ou o triunfo do Espírito ressuscitado destaca a imortalidade espiritual. Não é por acaso que a festa pascal obedecendo à tradição dos cultos solares da antiguidade ocorre no primeiro mês (Nissan) do ano religioso hebraico que coincide com o período equinocial ou a ‘passagem do Sol’ do hemisfério Sul para o Norte (primavera – ressurreição da vida – a Natureza revive após o inverno – a passagem do inverno para a primavera). Assim, a festa cristã é celebrada no primeiro domingo após o plenilúnio (lua cheia) ocorrido após o dia 21 de março (data do equinócio de primavera no hemisfério boreal). Dentro desse limite a data pascal ocorrerá sempre entre 22 de março e 25 de abril.”

A Maçonaria é uma Ordem Solar, que tradicionalmente atua (ou deveria atuar) na sociedade visando “tornar feliz a humanidade”, razão pela qual não poderia deixar de se “alimentar” das mais elevadas energias e consciências espirituais que nos vêm dos planos superiores exatamente nos Solstícios e Equinócios.

Mais ainda, se nosso mister é “tornar feliz a humanidade”, é exatamente na Deusa Natureza que encontraremos nossa fonte para recarregar as forças. É na natureza que temos condições de ir ao encontro de Deus em sua forma Manifesta. É onde Ele está próximo e “tangível”.”

Por fim, salientamos que por ocasião dos Equinócios, assim como dos Solstícios, há uma redução do distanciamento entre o denominado mundo físico e o plano espiritual o que gera um facilitamento da conexão entre eles, oportunizando, no instante em que o Sol, em sua órbita aparente, cruza a Eclíptica, de também nos conectarmos com uma dimensão espiritual mais elevada. Com certeza muitos de nós tivemos oportunidade de passar por essa experiência.

Ir∴ Marcos A. P. Noronha

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