É
com esta oração que abrimos nossos trabalhos é o primeiro passo que damos ao iniciarmos nossa reunião. É através dessas simples, mas poderosas palavras que na condição de aprendiz maçom venho mergulhar e abrir os ouvidos e o coração para entender minha missão na maçonaria.

No dicionário encontramos o significado de APRENDIZ: Aquele que apenas se iniciou em alguma aprendizagem. Como educador aprendi a valorizar o ensino, ora com o conhecimento adquirido ou ora pelo testemunho. Quero ser um eterno aprendiz porque devemos sempre andar cheios daquilo que nós acreditamos e devemos propagar esses sentimentos para todos aqueles que nos cercam.

Como Apr∴ Maçom eu vejo homens que estão ensinando o que é maçonaria e ao mesmo tempo esses mesmos homens estão me mostrando que acreditar e perseverar são virtudes importantíssimas na minha caminhada. No início da caminhada declaramos estar felizes por estarem aqui juntos com os demais irmãos.

À medida que o tempo passa e aprofunda-se nos conhecimentos podemos testemunhar que o futuro depende das mudanças a qual passamos e aceitamos. Estou aprendendo que a união é que nos torna fortes e aprendemos com as palavras e exemplos que temos sim, condições de sermos melhores.

Através dos olhos de Apr.: Maçom passei a ver transformações acontecendo, pensamentos e opiniões sendo discutidas com sabedoria e decisões maduras sendo tomadas sempre invocando àquele que é a nossa fonte maior de inspiração: G∴A∴D∴U∴

Eu também vejo as tentações, os sentimentos, os problemas e os desejos de todos e com sabedoria e dedicação eu vejo que é possível a cada um de nós vencer a si mesmo.

Estou vendo também, mas dessa vez em mim, uma oportunidade de nascer dentro de conceitos e crenças que possa me levar ao objetivo de morrer para a vida profana, despojando-se de tudo que brilha enganosamente, do que traz proveitos fáceis, dos preconceitos, do orgulho e da vaidade e praticar o primeiro dever que é trabalhar em si mesmo.

Através dos meus olhos eu vejo irmãos se esforçando para cumprir aquilo que lhe é oferecido para seguir adiante. Vejo no olhar de cada um a expressão de que aqui é o nosso lugar.

Vejo expressões de preocupação, de lutas pessoais e porque não lágrimas que não descem pela face porque o orgulho e a timidez, muitas vezes, impedem que isso aconteça. Vejo em cada gesto, cada mão estendida para acolher o outro um recomeço e uma vontade de fazer diferente. Vejo também olhares críticos por não entenderem que todos aqui presentes são eternos aprendizes, que os aventais que nos separam não podem ser regra de conhecimento e motivo para representar o que se sabe.

Um palácio para se tornar belo é necessário começar sua construção com pedras, ferros, etc. e só depois vem o acabamento para que aquilo que era no início se transforme numa estrutura bela. Por isso acredito que o Apr.: Maçom nunca deva perder essa condição de observar e aceitar essa transformação para que todo ensinamento que lhe for proposto seja recebido de forma a dar acabamento naquilo que você já é.

Transformar é acreditar que mesmo na condição menos favorável você pode conseguir extrair o que de mais belo é ofertado. Essa transformação exige um conhecimento que difere os objetivos do mundo profano do objetivo da maçonaria. O objetivo profano é o de fazer com que a pessoa adquira certo número de conhecimentos; o objetivo da maçonaria é o de aperfeiçoar os homens e enriquecer suas faculdades com a maior cultura possível. O saber se torna ainda mais precioso para o maçom, desde que constitua para ele um meio de melhor poder agir.

O olhar de quem está na condição de Apr.: Maçom mostra que aquilo que se pede se cumpre a cada reunião, a cada encontro e a cada um que se aproxima dizendo que para se tornar um aprendiz precisa ter bons costumes, que acreditem num SER SUPREMO, que seja livre e que não seja escravo de suas próprias paixões e de seus preconceitos e para que isso aconteça o trabalho é feito gradativamente pela maçonaria desbastando as arestas com ferramentas adequadas. Por isso devemos considerar que sempre estaremos na condição de aprendiz e por isso sendo necessário esse trabalho devido às paixões profanas estarem sempre em evidência no nosso cotidiano.
Certo que o processo de aprendizado e de evolução individual e coletivo é lento e gradual, mas quando se tem confiança e respeito se coloca na condição de transmitir esses conhecimentos, nós conseguimos andar um passo por vez sempre.

Uma antiga definição da Maçonaria diz:

“Os homens necessitam geralmente do bom sentido comum. Porém, existe um pequeno grupo que o possui. Eu os buscarei entre todos e, certamente, os encontrarei. Quaisquer que sejam suas ideias, eu os ensinarei a tolerar as ideias dos demais. Eles se chamarão de Irmãos entre si. Na vida profana, poderão entender como quiserem a religião e a política, porém, na vida maçônica um pensamento os unirá pra sempre. Formarão pequenos grupos em todos os cantos da Terra e a sua Cadeia de União permanecerá através das inconsequências da humanidade, sem que essa se aperceba disso. Eis a ideia da Maçonaria”.

Portanto ao me tornar Apr.: Maçom enxerguei a purificação ocorrendo num caminho escabroso, semeado de dificuldades, repleto de obstáculos, em meio de ruídos e trovões atordoadores; depois, por outra estrada menos difícil, ouvindo o tilintar incessante de armas; e finalmente, um caminho plano e suave, envolto de maior silêncio. O silêncio é uma virtude maçônica, mediante a qual se desenvolve a discrição, corrigem-se os defeitos próprios e usa-se prudência e tolerância em relação a faltas de defeitos dos outros.
A partir da minha iniciação eu passei a ter percepção do ouvir e do refletir, do aprender e do confiar. Foi na Câmara de Reflexão que penetrei na minha alma. Descobri que tudo é passageiro e mortal, menos a alma.

As viagens percorridas foram impregnadas de muita emoção, onde tive a oportunidade de respirar a beleza, mesmo envolto no desconforto e no túmulo das paixões, egoísmo, individualismo e choques de interesses.

As dificuldades foram decrescendo através da Água e o Fogo que ao purificar as minhas mãos essas deverão ser conservadas limpas para praticarem a caridade. Para dosar meus anseios provei da Taça Sagrada que na mudança do doce para o amargo me ensinou que é preciso equilíbrio principalmente na partilha do pão. Aprendi que na primeira instrução do Primeiro Grau devo exercitar a inteligência e que no desbastamento da Pedra Bruta se encontra o alicerce da Maçonaria desvencilhando dos defeitos e das paixões, concorrendo, enfim, para a construção moral da Humanidade.
Espero continuar caminhando e enxergando com esses olhos de um eterno aprendiz que nunca se acabe o desejo de adquirir conhecimento que possa tornar combustível para nos projetar para frente e que todo aprendizado converta em disposição e que a essência e os ensinamentos da maçonaria sejam verdadeiras sementes que crescem, dão frutos, mas que para isso deve ser regadas com muito suor porque vivemos numa constante metamorfose e que não existe transformação sem luta.

Que o G∴A∴D∴U∴ possa sempre me colocar Entre Colunas; em Pé e à Ordem, para o cumprimento de seus ideais e para a Construção do Templo da Fraternidade Universal, que é a verdadeira Obra da Arte Real.

BIBLIOGRAFIA
• Análise do Ritual de Aprendiz Maçom; Pedro Neves & Péricles Neves – 2013
• História Geral da Maçonaria; Nicola Aslan – 1979
• Desbastando a Pedra Bruta; Armand Bédarride – 1988
• Revista A Trolha n264; O Aprendizado na Ordem Maçônica – 2008
• Revista A Trolha n232; O Aprendiz pede a Palavra – 2006
• Revista A Trolha n265; Vencer as Paixões – 2008

About The Author

ARLS União do Vale do Gorutuba Nº 115 Or∴ de Janaúba • GLMMG-MG