A 5 de outubro de 1891, as Lojas – trinta – do Estado de São Paulo reuniam-se em Grande Loja Provisória, solicitando, ao Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, o marechal Deodoro da Fonseca, que fosse nomeado um Delegado. A 20 de outubro, atendendo ao pedido, o Grão-Mestre nomeava Carlos Reis como o seu delegado no Estado de São Paulo.

Com a renúncia de Deodoro ao Grão-Mestrado, a 18 de dezembro de 1891, assumiu o Grão-Mestrado, interinamente, o ministro Antonio Joaquim de Macedo Soares, que havia sido eleito a 15 de junho de 1891, para ocupar a vaga deixada pelo Adjunto Josino do Nascimento Silva, a 18 de abril de 1891. E, no período de interinidade de Macedo Soares, foi promulgada uma nova Constituição do Grande Oriente do Brasil, em 1892, a qual, entre outras coisas, previa a criação de Grandes Lojas Estaduais federadas ao Grande Oriente do Brasil. Com isso, as primeiras Grandes Lojas instaladas seriam as de S. Paulo e da Bahia, a 14 de maio de 1892, embora a instalação definitiva só fosse acontecer no ano seguinte.

Já nessa época, a Maçonaria paulista, diante dos problemas surgidos com a rápida industrialização do país, começava, através de muitos de seus membros, a tratar dos interesses do operariado industrial, ainda sem organismos protetores. Assim é que, a 17 de maio de 1892 – conforme nota publicada nos jornais paulistanos da época – as Lojas da capital reuniam-se, convocadas pelo delegado do Grão-Mestre, com a finalidade de tratar de interesses humanitários e especialmente dos do operariado paulista. As Lojas participantes eram: Amizade, América, Piratininga, Roma, Ordem e Progresso, Sete de Setembro e Garibaldi. Essa preocupação iria produzir, já a partir da primeira década do século XX, maçons líderes de movimentos operários, como Everardo Dias, que, graças à sua atuação, sempre foi perseguido por órgãos repressores, passando, grande parte de sua vida, encarcerado ou exilado.

A 14 de março de 1893, era instalada, definitivamente, a Grande Loja Estadual, tomando posse, nesse dia, as Altas Dignidades e Oficiais, que haviam sido eleitos:

Grande Venerável: Barão de Ramalho (iniciado na Loja Amizade e fundador da Piratininga)
1º. Grande Vigilante: José Eduardo de Macedo Soares
2º. Grande Vigilante: Antonio de Góes Nobre
Grande Orador: João Pamphilo de Assumpção
Grande Secretário: Liberalino de Albuquerque
Grande Tesoureiro: João Antonio Julião
1º. Grande Experto: Joaquim de Almeida Leite de Moraes
2º. Grande Experto: José Bucolo
Grande Chanceler: Francisco José Monteiro
Grande Hospitaleiro: Alfredo Cândido Pereira
Grande Mestre de Cerimônias: José Francisco Soares Ramos
Grande Cobridor: Lucidoro de Oliveira

Todavia, apesar da instalação da Grande Loja, a Grande Loja Provisória continuava a funcionar, o que criou uma situação de discórdia, que prenunciava, por um movimento de rebeldia contra o Poder Central, um possível rompimento. Isso fez com que uma comissão da Grande Loja do Estado fosse ao Rio de Janeiro, para solicitar providências do Grão-Mestre, e de lá retornasse com um decreto, que considerava nulos todos os atos praticados pela Grande Loja Provisória.

O desmembramento, já previsto, viria a ocorrer a 28 de maio de 1893, com a criação de um Grande Oriente do Estado de São Paulo, liderado por Martim Francisco Ribeiro de Andrada 111, que se tornou seu Grão-Mestre, e formado, inicialmente, pelas Lojas Roma, União Paulista, Sete de Setembro, Vinte de Setembro e Harmonia e Caridade, sob a liderança da Loja América. Seis meses depois, por decisão unânime dos membros do seu quadro, a Loja Amizade aderiu a esse círculo, depois de chegarem, os seus obreiros, à conclusão de que essa seria a melhor posição para a Loja. Essa decisão foi tomada a 16 de novembro de 1893 e, no dia 17, cada uma das Lojas do Estado recebia uma prancha da Loja, comunicando os fatos. Contra a situação em S. Paulo, o Grande Oriente do Brasil reagiu através do Decreto No. 114, de 29 de maio de 1893, considerando nulos todos os seus atos de 1892.

A 10 de setembro de 1893, o Governo Federal expedia o Decreto No. 173, que exigia o registro de todas as sociedades religiosas, beneficentes, políticas e outras, que iria obrigar as Lojas e Obediências a registrar seus estatutos. E a primeira instituição maçônica brasileira a registrar seus estatutos foi de S. Paulo: a Loja Amizade, conforme consta no Diário Oficial do Estado de São Paulo, de 9 de outubro de 1894, uma terça-feira. O interessante é que o registro do Grande Oriente de S. Paulo autônomo (de Martim Francisco) também constava na mesma página da publicação oficial do governo, porque também foi feito pela Loja Amizade. Enquanto isso, o Grande Oriente do Brasil só iria registrar sua Constituição, revista em 1892, a 25 de outubro de 1895; e a Loja Piratininga, a principal, então, da jurisdição do GOB, no Estado, só registraria os seus estatutos a 2 de dezembro de 1896, mais de dois anos depois da Amizade.

A 18 de agosto de 1895, o ministro Macedo Soares, Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, visitava, em caráter oficial, a Grande Loja subordinada ao Grande Oriente do Brasil, para aquilatar a situação vigente desde 1893. Recebido na Estação do Norte, pelo barão de Ramalho, que presidia a Grande Loja, por Dignidades da federada e até por delegações de Lojas do Grande Oriente de Martim Francisco, ele se dirigiu à casa de seu irmão, José Eduardo de Macedo Soares, e, no dia seguinte foi recepcionado no templo da Loja Piratininga, situado na rua, Líbero Badaró – antiga rua, Nova de S. José – onde foi saudado por maçons proeminentes na vida pública de S. Paulo, como Cesário Motta, Gomes Cardim, Carlos Reis e barão de Ramalho. No dia 20, todavia, ele fez questão de ir à rua, Tabatinguera, visitar o templo da Loja Amizade, onde ele fora iniciado, sendo, ali, recebido pelo Venerável Rangel de Freitas e por obreiros de várias Lojas do G.O., autônomo.

A 22 de dezembro de 1896, Macedo Soares, que havia sido reeleito, baixava o Decreto 137, suprimindo a Grande Loja e determinando que as Lojas do círculo, no Estado de S. Paulo, ficassem diretamente subordinadas ao Poder Central, cujo delegado era o Irmão Eduardo Vautier. Em decorrência disso, as Lojas:- Obreiros da Luz e Luís Gama formavam um Supremo Conselho, que seria efêmero, pois, já em 1897, ambas voltariam à jurisdição do Grande Oriente do Brasil, o mesmo sucedendo com a Loja Itália e com a Loja Amizade.

Em 1899, com o quase total esvaziamento do Grande Oriente de Martim Francisco, o Grande Oriente do Brasil emitiu o decreto 159, de 4 de setembro, restabelecendo a Grande Loja de S. Paulo. A 16 de novembro era empossada a primeira diretoria eleita para dirigi-la, a qual estava assim constituída:

Grande Venerável: Carlos Reis
1º. Grande Vigilante: João Cândido Marfins
2º. Grande Vigilante: Antonio Ferreira Neves Jr.
Grande Orador: Paulino da Costa Guimarães
Grande Secretário: Paulino Alves Guimarães
Grande Tesoureiro: Eduardo Vautier
Grande Chanceler: Joaquim Avelar
Grande Mestre de Cerimônias: José Piedade
Grande Cobridor: Joaquim Murtinho

Em 1901, quando o Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil era Quintino Bocayúva, iniciado na Loja Amizade, em 1861, a Grande Loja de São Paulo estava em seus estertores finais e realizaria sua última sessão a 23 de setembro daquele ano. O Grande Oriente do Brasil, tendo em vista os termos da Constituição de 31 de dezembro de 1900, que facultava a instalação de Grandes Orientes Estaduais, e diante do desaparecimento do Grande Oriente do Estado de São Paulo (de Martim Francisco), autorizou, pelo decreto 195, de 10, de outubro de 1901, o funcionamento do Grande Oriente Estadual de São Paulo, que foi instalado a 10 de outubro, sendo nomeada uma administração provisória, que tinha, como Grão-Mestre, Luís Frederico Rangel de Freitas, membro da Loja Amizade – e seu ex-Venerável – e, como Adjunto, Carlos de Campos, os quais foram empossados a 21 de outubro.

Em 1902, a 20 de março, pelo decreto 204, o Grão-Mestre Quintino Bocayuva estabelecia o dia 14 de abril para a realização das eleições e para o preenchimento dos cargos da administração do Grande Oriente Estadual de São Paulo. Nessa ocasião foram eleitos, tomando posse a 24 de junho de 1902, para Grão-Mestre, Carlos Reis – da Loja Amizade e iniciado na Sete de Setembro – para Adjunto, Pamphilo de Assumpção, da Piratininga, e, para Grande Secretário, Antônio Ferreira Neves.

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