Nós, que habitamos o lindo planeta azulzinho, condição que por si só é uma espécie de expressão universal, concreta e objetiva da nossa pequenez.

Nós, diante de um ambiente de diversidades num terreno plural que se impõe a cada instante.

Nós que percebemos todos os aspectos do multiculturalismo que nos afeta em nossas rotinas mais banais.

Enfim tudo na órbita que nos faz (ou deveria nos fazer) refletir sobre as diversas formas de ser e estar no século XXI e viver melhor, nós contraditoriamente por fim, estamos nos distraindo.

Na maioria das situações esses mesmos nós, agimos anestesiados, ou ficamos inertes, bobos insistindo em generalizações rasas, senso comum, verdadeiro nós de atar nós mesmos. E aí bugou?

Mas porque será que isso acontece?

Do ponto de vista que se lança daqui de uma pequena janela existente e amparado por uma luneta equipada das lentes dos fluxos de vividos, atrevo-me a chamar de estímulo voluntário à preguiça. Isso mesmo, uma preguiça estimulada!

Parece um paradoxo, porém, esse estado de letargia mental é o que nos vem conduzindo a várias doenças sociais como a falta de tolerância, fobias múltiplas, medos, pânicos, angústias, depressão, entre outras consequências pela falta de enfrentamento reflexivo.

Estamos abrindo mão da especial condição de exercitar a prática da racionalidade humana, ou seja, simplesmente pensar, especular, buscar a verdade, enxergar o outro lado, olhar e ver. O choro de Descartes pelas gargalhadas de Zuckerberg.

Numa dinâmica da vida líquida, que valoriza o Tempo e que se alimenta pela lei de menor esforço, desenvolver a crítica ao pensar dá trabalho ou pode ser indigesto.

Queremos não perder tempo com a dialética posta das coisas da vida em sendo, e para tudo e todos temos aplicativos (Apps) que nos conduzem sem qualquer esforço inteligível para atalhos de soluções prontas.

Opa! Mas então quem constrói os Apps pensa em mim?

Não! Claro que não. Quem constrói os aplicativos pensa nele. Pois não se trata de um pensar “em você”, mas sim de um pensar “por você”, entendeu Zébedeu?

Neste cenário propositalmente nublado em Clouds, você relaxa e se entrega ao pensamento de outro, que a partir da sua anuência (preguiça), passa à condição de ditar sua direção, seu mundo sem sentido.

Comportamento cada vez mais comumente aceito, ou seja, é a pratica de alugar um carro em uma cidade extremamente violenta e alienar-se ao Google Maps para dar um “rolê” a noite, já pensou o risco de morte?

Outra mazela provocada pela aridez de raciocínio é a de abdicarmos das nossas escolhas autênticas ao sermos posicionados do lado de cá ou de lá, sem conhecer com propriedade nenhum dos lados oferecidos. Muuuuuuuu!!!

Como o estímulo à preguiça é sempre um garçom agradável a lhe servir permanentemente o prato chamado “mais do mesmo” que lhe convém, colchão fofo regado ao cobertor quentinho, sobremesa daquilo que parece te representar, neste contexto ativa-se o modo piloto automático e a tendência passa ser a da repetição comoditizada, conclusão expressa de um prático e instantâneo copiar e colar do ponto de vista que não é genuinamente seu. (Aqui se propagam as Fakes News)

Para aumentar e acentuar o sabor da sopa, uma boa pitada de atrofiamento da nossa musculatura linguística.

Dessa maneira unilateral do ver míope, passamos a enxergar somente o numero seis (6) e por ele morreremos afogados em convicções da nossa superficialidade maniqueísta, sem atentarmos para a possibilidade pós-moderna do numero poder ser simultaneamente visto como nove (9), e que disso só depende o prisma.

Não se trata aqui de fazer apologia a qualquer tipo de ideologia relativista e dispersiva, ou à ideia de um retrocesso tecnológico, distante disso, sou crente fervoroso da tecnologia como meio (que se registre uma vez mais), como meio para qualidade de nossas vidas.

Somente um projeto de educação poderá nos esclarecer e nos fortalecer para escolher qual via será a melhor para absorver e dar unidade a nossa subjetividade com responsabilidade, este é o desafio que sugiro colocar na agenda comum.

Do mais, rogo o auxilio à Arte e à Filosofia, que como agulhas de costura resilientes nos atravessem de maneira a sangrar o nosso Ser existencial sem nenhuma pena ou dó, assim, mesmo com a enorme dor inerente que a sabedoria carrega nos braços, poderemos continuar a seguir nossa missão à luz de uma eterna evolução.

O momento é agora e a hora é já!

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