Desde a mais remota antiguidade, as Árvores foram relacionadas aos deuses e com as forças da natureza. Cada nação teve sua Árvore sagrada com características peculiares e atributos baseados em propriedades naturais ou propriedades ocultas. Assim, uma das primeiras coisas a chamar a atenção do gênero humano foi o símbolo da Árvore.

SIMBOLISMO
O símbolo da Árvore é o primeiro e último da Bíblia e a partir desta descortina-se o mundo da significação espiritual da Árvore da Vida dentro da religiosidade, onde se lê nos livros:

“8- Então plantou o Senhor Deus um jardim, da banda do oriente, no Éden; e pôs ali o homem que tinha formado. 9- E o Senhor Deus fez brotar da terra toda qualidade de árvores agradáveis à vista e boas para comida, bem como a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal.”
“8- E plantou o Eterno Deus um jardim no Éden, no oriente, e colocou ali o homem que formou. 9- E fez brotar o Eterno Deus, da terra, toda árvore cobiçável à vista e boa para comer, e a árvore da vida (estava) dentro do jardim, e a árvore do saber, do bem e do mal.”
“8- E o Eterno Deus plantou um jardim no Éden, no oriente, e pôs ali o homem que formara. 9- E o Eterno Deus fez brotar da terra toda árvore agradável à vista e boa para comer, e a árvore da vida estava no meio do jardim, assim como a árvore do conhecimento do bem e do mal.”
“4- Moisés narra em seguida como Deus plantou do lado do oriente um delicioso jardim, que cumulou de todas as espécies de plantas, entre elas, duas árvores, uma das quais era a árvore da vida, e a outra, a da ciência, que ensinava a discernir o bem do mal.”

E a Bíblia conclui em Apoc. 22:1-2:

“1- E mostrou-me o rio da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro.
2- No meio da sua praça, e de ambos os lados do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês; e as folhas da árvore são para a cura das nações.”

A Árvore da Vida tem o orvalho celeste como seiva, e seus frutos ciosamente defendidos transmitem uma parcela de imortalidade. Esse é o caso dos frutos da Árvore da Vida do Éden, que são em número de 12, signo da renovação cíclica. Entre o princípio e o fim, entre a Árvore da Vida paradisíaca e a Árvore da Vida do novo Céu, os Cristãos veem elevar-se o símbolo da Árvore. Portanto, na significação na história Sagrada Judaico-Cristã aparece o símbolo da Árvore que desempenha papel central representando um dos símbolos mais antigos da humanidade. A imagem da Árvore da Vida solitária, simboliza o centro do mundo que une o Céu à Terra, uma espécie de fortaleza rodeada de água, na qual correm os rios em direção aos quatro pontos cardeais, em que representa a ligação entre a terra e o céu, da matéria ao espírito, do finito ao infinito, do particular ao universal, do homem a Deus. Como no Bhagavad Gîtâ, Capítulo X, Vibhuti Yoga – A Excelência Divina, em que Krishna diz o que representa para humanidade, em seu diálogo com Arjuna:

“Entre as árvores, sou a figueira sagrada (a Árvore da Vida). Entre os iluminados, sou a luz; na música das esferas, a harmonia; nos santos, a Santidade.”

No caminho da evolução, assim como o homem busca a luz da sabedoria que vem do Altíssimo para o desenvolvimento interior, a árvore verga seus galhos, abastecida pela seiva que absorve do solo, em busca da luz que propiciará o seu crescimento exterior.

A LUZ E O CRESCIMENTO VEGETAL

Durante o desenvolvimento vegetal as auxinas têm uma relação direta com crescimento e consequentemente curvatura de plantas em busca da luz. As auxinas são os fitormônios mais importantes das plantas. Dentre as auxinas a mais comum é o ácido indolilacético, que atua facilitando a distensão das paredes celulósicas das células vegetais. Portanto, um dos efeitos das auxinas está relacionado com o crescimento do vegetal, pois atuam sobre a parede celular do vegetal, provocando sua elongação ou distensão e, consequentemente, o crescimento do vegetal. Tem-se que o movimento orientado pela direção da luz, chama-se fototropismo, onde existe uma curvatura do vegetal em relação à luz, podendo ser em direção ou contrária a ela, dependendo do órgão vegetal e da concentração do
hormônio auxina.

Assim, tanto os vegetais como os humanos, têm grande parte de seu metabolismo controlado por hormônios. Os hormônios são substâncias químicas produzidas por células especiais do organismo, tanto no Reino vegetal como no animal, que agem como mensageiros químicos, que atuam a distância em estruturas ou órgãos específicos, desencadeando ou inibindo a atividade do crescimento.

O homem e o vegetal buscam seu crescimento guiado pela luz que vem do alto, onde esta busca pela luz viabiliza o crescimento de ambos, bem como sua evolução. Como no Bhagavad Gîtâ, Capítulo XV, Purushôttama-Prâpti – O Conhecimento do Espírito Supremo, em que Krishna diz o que representa para humanidade, em seu diálogo com Arjuna:

“Sabe, ó Arjuna, que a luz radiosa que se desprende do Sol, iluminando o mundo inteiro, e é refletida pela Lua e a chama ígnea que a tudo abrasa, provêm de Mim. Eu penetro na terra e sustento todas as coisas com a minha força viva; Eu sou a seiva das plantas e dos vegetais. Como as forças vitais, o fogo da vida, penetro no corpo que respira e, unido com a inalação e exalação, dirijo os processos digestivos, assimilativos e eliminativos. Eu resido nos corações e nas mentes dos homens, e de Mim provém a memória, o entendimento e a privação de ambos.”

Ou como no Alcorão em sua 24 – Süratu – An-Nur 35, A Sura da Luz, onde se lê:

“Allah é a luz dos céus e da terra. O exemplo de Sua luz é como o de um nicho, em que há uma lâmpada. A lâmpada está em um cristal. O cristal é como se fora astro brilhante. É aceso pelo óleo de uma bendita árvore olívea, nem de leste nem de oeste; seu óleo quase se ilumina, ainda que o não toque fogo algum. É luz sobre luz. Allah guia a Sua luz a quem quer. E Allah propõe, para os homens, os exemplos. E Allah, de todas as cousas, é Oniciente.”

A EVOLUÇÃO

No caso do homem a evolução tanto pode ser material como espiritual. O crescimento espiritual do homem é dividido em distintas etapas na busca da manifestação infinita da Luz do Altíssimo. Nesta busca existem diferentes caminhos do homem entrar em contato com a inteligência cósmica do Eterno, o “religare” das religiões. Estes caminhos dentro do estudo da Cabala são os 22(vinte e dois) caminhos da Árvore da Vida composta de 10 esferas, chamadas de Sephiroth.

A Árvore da Vida da Cabala é um hieróglifo, símbolo que representa o cosmos e a alma, marcando a evolução do homem, sua ascensão para alcançar atributos divinos em busca da verdade. As Sephiroth são conhecidas como “emanações numéricas” e representam as formas abstratas dos números de um a dez, que simbolizam uma evolução e uma atitude Divina, assim como o próprio homem. O Trabalho primordial que se faz na Árvore da Vida da Cabala é o da autovalorização e da autocompreensão, dirigido ao Eu interior do homem na busca da unificação com o Grande Arquiteto do Universo. Como no Bhagavad Gîtâ, Capítulo XVIII, Moksha Sannyâsa Yoga – A Libertação pela Renúncia, em que Krishna diz o que representa para humanidade, em seu diálogo com Arjuna:

“Finalmente, banindo de si o egoísmo, a resistência, o orgulho, o desejo, o rancor e o sentimento de posse, alcançará ele aquela paz que o capacitará a unificar-se com Deus. Unificando-se com Deus, ele é sereno; nada mais o entristece, nem ele deseja; ama por igual todos os seres e Me ama intensamente. Com este amor intenso ele sabe claramente quem Sou e o que Sou. Conhecendo-Me claramente, com esse mesmo amor, ele penetra em Mim.”

Ou como no Livro dos Mortos do Antigo Egito, Capítulo I, onde se lê:

“Salve, oh Osíris Senhor do Amenti! Deixa-me entrar em paz no teu Reino! Que os senhores da Terra Santa me recebam com exclamações de júbilo! Que me concedam um lugar ao seu lado! Que eu encontre Ísis e Néftis no momento propício! Que o Bom Ser me acolha favoravelmente!”

INTRODUÇÃO MAÇÔNICA

Sidarta Gautama, o Buda, em uma noite após sete anos de árdua disciplina nas florestas, sentado em profunda meditação sob a famosa Árvore de Bodhi, a Árvore da Iluminação, obteve repentinamente o esclarecimento final e definitivo de todas as suas buscas. Assim como Buda o Maçom também busca o caminho para iluminação e o crescimento interior.

Nesta busca pelo crescimento e iluminação os vegetais usam os hormônios(auxinas) para direcionar seus galhos no caminho da luz, já o Maçom, usa as Sephiroth da Árvore da Vida da Cabala para direcionar sua evolução pelos 22 caminhos existentes e alcançar a Luz Divina, a Sephirah Kether. A Árvore da Vida da Cabala representa o Macrocosmo, a Essência Divina, e o Microcosmo como o homem no Adão Kadmon. O Altíssimo é um ser amante, vivente, infinito, de inteligência suprema, sábio e consciente, que está em tudo, diferente do Todo e maior que o Todo.

Portanto, o símbolo da Árvore da Vida é associado à manifestação Divina e está incluído em diversas religiões. A Maçonaria nasceu para facilitar a liberdade do espírito humano e exige de seus membros ciência e prudência, Figura 02. Depreende-se, dentro do estudo Maçônico que todas as religiões dogmáticas saíram da Cabala e para ela voltam. Cabe ao Maçom a busca pela verdade guiado pela Luz que vem do Altíssimo, a Shekinah oriunda da Sephirah Kether.

E assim roga ao Altíssimo:

“Graças Te rendemos, Grande Arquiteto do Universo, porque, por Tua Bondade e Misericórdia, nos tem sido possível vencer as dificuldades interpostas em nosso caminho, para nos reunirmos aqui, em Teu Nome, e prosseguirmos em nosso labor. Faz, Senhor, com que nossos corações e inteligências sejam sempre iluminados pela Luz que vem do Alto e que, fortificados por Teu Amor e Bondade, possamos compreender que para nosso trabalho ser coroado de Êxito, é necessário que em nossas deliberações, subjuguemos paixões e intransigências, à fiel obediência dos sublimes princípios da Fraternidade…”

BIBLIOGRAFIA
• Alcorão – Complexo do Rei Fahd, Colaboração da Liga Islâmica Mundial, em Makkah Nobre, Tradução por Dr. Helmi Nasr, Professor de Estudos Árabes e Islâmicos na Universidade de São Paulo, Brasil.
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• Bíblia Evangélica – Sociedade Bíblica do Brasil, Trad. João Ferreira de Almeida.
• Bíblia Hebraica, Tanah, Editora Sêfer, 1ª Edição, São Paulo, 2006.
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• Edith de Carvalho Negraes, “O Livro dos Mortos do Antigo Egito”, 9ª Edição, Editora Hemus, 2005.
• Francisco Valdomiro Lorenz, “Bhagavad Gîtâ”, Editora O Pensamento, 5ª Edição, São Paulo, 1959.
• Joaquim Gervásio de Figueiredo, “Dicionário de Maçonaria”, Editora Pensamento, São Paulo, 1997.
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• Papus, “A Cabala”, Editora Martins Fontes, 2ª Edição, São Paulo, 2003.
• Sallie Nichols, “Jung e o Tarô – Uma Jornada Arquétipa”, 3ª edição, Editora Cultrix, São Paulo.
• Strong, James, “Dicionário Bíblico de Concordância em Hebraico”,
1ª Edição, 2002.
• Torá, A Lei de Moisés, Editora Sêfer, 2ª Edição, 2001.
• Urbano Júnior, Helvécio de Resende, “Manual Mágico de Kabbala Prática”, Editora Madras, 1ª Edição, São Paulo, 2012.
• Zumerkorn, David, “Numerologia Judaica e seus mistérios”, 2ª edição, Editora Maayanot, São Paulo, 2011

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