Atolerância é uma atitude fundamental para quem vive em sociedade. Uma pessoa tolerante normalmente aceita opiniões ou comportamentos diferentes daqueles estabelecidos pelo seu meio social. Este tipo de tolerância é denominado “tolerância social”.O filósofo Karl Popper, um liberal, defendia que a parcela tolerante da sociedade não pode ter tolerância ilimitada com os intolerantes, por risco de condenar a tolerância à morte. Outro filósofo e liberal assumido, John Rawls, corroborava a ele, ao defender que é dever da sociedade tolerante preservar seus membros e instituições de toda e qualquer investida de intolerância, externa ou mesmo interna.

A célebre manifestação de Martin Luther King era exatamente sobre isso, sobre sua preocupação, não com os gritos dos maus (intolerantes), más com o silêncio dos bons (tolerantes). Similarmente, na doutrina espírita, em um de seus livros mais célebres (O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec), há uma passagem que diz que “os maus são intrigantes e audaciosos, e os bons são tímidos. Quando os bons quiserem, predominarão”.

Além dos Princípios Gerais da Maçonaria e dos Postulados Universais da Instituição, contidos no art. 1º da Constituição do Grande Oriente do Brasil, que nos ensina que a Maçonaria é uma instituição essencialmente iniciática, filosófica, filantrópica, progressista e evolucionista, cujos fins supremos são: Liberdade, Igualdade e Fraternidade, temos ainda que nossa Instituição proclama, no inciso III, do parágrafo único do mesmo artigo o seguinte:

Art. 1º – Parágrafo único. Além de buscar atingir esses fins, a Maçonaria:
III – proclama que os homens são livres e iguais em direitos e que a TOLERÂNCIA constitui o princípio cardeal nas relações humanas, para que sejam respeitadas as convicções e a dignidade de cada um;
Além de ser proclamada a tolerância, a Maçonaria nos ensina também no inciso XIV, do mesmo diploma legal que: Art. 1º – Parágrafo único. Além de buscar atingir esses fins, a Maçonaria:
X IV – combate a ignorância, a superstição e a tirania.

O combate à ignorância, à superstição e à tirania são imprescindíveis ao exercício da tolerância, pois, são estes causas e consequências da intolerância, tão combatida no seio maçônico.
Assim, a nossa Sublime Ordem é eminentemente tolerante e exige de seus membros a mais ampla tolerância.
Colhemos do trabalho do Irmão Ilves José Pizzolatti, da Loja Estrela de Herval – Herval do Oeste (GOB/SP), o qual peço vênia para transcrevê-lo na sua integridade, ensinamentos os quais além de falar da tolerância, nos ensina que a humildade é também um princípio que devemos cultuar no nosso meio, senão vejamos:

Participamos de uma Instituição chamada Maçonaria, que é Justa e Perfeita; que tem por objetivo “tornar feliz a Humanidade, pelo Amor, pelo aperfeiçoamento dos costumes, pela tolerância, pela igualdade e pelo respeito à autoridade e a crença de cada um”. Mas esta Instituição tem como seus membros homens: pessoas com pensamentos e atitudes diferenciados, de diversas culturas e credos, que são como uma pedra bruta que deve ser polida a cada dia; por isto seres imperfeitos.

Por meio dos ensinamentos que recebemos desta Instituição, dos exemplos dos mais sábios e experientes, da convivência, da participação às sessões é que conseguimos polir nossa pedra bruta e dar forma a ela, fazendo com que outros Irmãos possam nela se espelhar e trilhar caminhos de justiça e verdade.
O Amor tem deixado de ser o elemento que dita a conduta social. Amar é querer o bem do outro, é saber perdoar, é saber renunciar e saber se doar. Para que isto aconteça, tenho em mente duas virtudes que são indispensáveis para nosso crescimento tanto social quanto espiritual: tolerância e humildade.

A tolerância é a principal qualidade exigida do Maçom, pois é um princípio de cordialidade nas relações humanas. A tolerância não deixa de ser uma forma de amar verdadeiramente nosso Irmão. Posso então afirmar que a tolerância está intimamente ligada a outra virtude anteriormente citada: a humildade. Humildade (do latim humilitatem: ausência de orgulho ou de soberba) é sabermos que não somos perfeitos, que temos nossas virtudes, mas também nossos vícios e deficiências. A pessoa que tem humildade, não se deixa levar pelos elogios e sabe aceitar quando alguém nos mostra que erramos.

O Maçom encanta pelo saber e não pela vaidade. Vamos exercitar, com mais frequência, estas duas virtudes na nossa convivência, tanto em Loja quanto na vida profana, não nos deixando levar apenas pelas emoções, pela influência deste mundo materialista onde o que tem valor é o poder, o ter bens materiais, mas vivendo a verdadeira fraternidade. Vamos valorizar o ser, este homem que mesmo sendo imperfeito, tem uma consciência que o leva a fazer o bem e um Deus, que chamamos de Grande Arquiteto do Universo, que é o princípio desta consciência e da vida e que nos quer vivendo na paz e harmonia, ou seja, no AMOR.
É muito fácil ser tolerante com o que não me diz respeito, com aquilo por que não me interesso, ou em relação àquilo que não me sinto minimamente responsável. Basta fechar os olhos, não emitir opinião, não escutar ou tapar o nariz e seguir em frente…

Contudo, ser tolerante implica em ter responsabilidade, saber escutar e, principalmente, respeitar os outros pontos de vista. A TOLERÂNCIA entre IIr:. não é limitada apenas pelo relacionamento com o próximo, mas por um sentimento maior que leva o homem ao bem e ao progresso. É uma virtude que deve ser exercitada para que se atinja a sua plenitude. É a lapidação da Pedra Bruta para se chegar à Pedra Polida. Como mostrado, a TOLERÂNCIA MAÇÔNICA depende de valores, com isso ela pode ser aprimorada e ensinada. Portanto, é um dever para nós Maçons, o aprimoramento e a disseminação da virtude TOLERÂNCIA no nosso meio e na sociedade.

Concluo: Portanto meus Irmãos, esperamos que a TOLERÂNCIA prevaleça no meio maçônico para que possamos praticar com força e vigor os ensinamentos máximos de nossa Ordem, quais sejam: A Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade. Liberdade em podermos nos expressar e termos nossas opiniões se não aceitas, pelo menos ouvidas sem que sejamos julgados e, condenados liminarmente por te las expressado;

Igualdade para que possamos reconhecer que como seres humanos, somos imperfeitos, assim, sujeitos a erros e que como nós, nossos Irmãos também o estão, colocando na balança da justiça os benefícios trazidos pelo faltoso, antes de pesar a falta cometida. Fraternidade para que possamos demonstrar, através do perdão e da humildade o amor que devemos dedicar a cada um dos seres humanos existentes na face da terra, principalmente àqueles que temos por Irmãos da Ordem e principalmente do Quadro de nossas Lojas.

Bibliografia:
Trabalhos Maçônicos oriundos da Internet
Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa
Ilves José Pizzolatti, da Loja Estrela de Herval – Herval do Oeste (GOB/SP)
Nilson Perini, ARLS 20 de Agosto, nº 2408
São José dos Campos GOB/SP

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