A Maçonaria é uma escola de sabedoria e de conhecimentos que tem como objetivo principal a transformação intelecto/moral do Homem, para a consequente transformação da sociedade. Seus princípios básicos e universais são estabelecidos de tal forma que, uma vez aceitos e praticados, disponibilizam ao Iniciado as ferramentas necessárias para alcançar a nobre finalidade de transmutar o Homem, Pedra Bruta de arestas incongruentes, em Pedra Cúbica e Polida, desbastada habilmente em sua superfície e finalizada em exatos ângulos retos para perfeito encaixe com outras Pedras Cúbicas. Cada Iniciado é uma peça fundamental na obra do edifício social. Juntos, formam uma construção de admirável beleza; isolados, são apenas pedras que, embora bem acabadas, não têm utilidade. Apenas pedras!

A transformação ocorre em cada etapa das jornadas que irá empreender, a começar pela denominação do postulante à admissão na Maçonaria. Primeiramente, é denominado profano, e essa designação perdura até o dia marcado para a Sessão Magna de Iniciação. Para que fique mais compreensível o termo, buscamos a definição no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, inclusive a etimologia da palavra:

profano adj. (1441-1484 cf. Devanc) 1 que não pertence ao âmbito do sagrado 2 que é estranho, que não pertence à religião 3 que deturpa ou viola a santidade de coisas sagradas 4 que não é religioso; leigo, temporal. secular 5 que não tem finalidade religiosa; mundano s.m. 6 pessoa estranha a uma seita, uma religião etc. 7 indivíduo que não é iniciado em certos conhecimentos etim lat. profãnus,a,um ‘lit. que está em frente ao templo, que não entra nele; donde, não iniciado, profano’, de pro- ‘diante de’ + fãnum por *fasnum ‘lugar consagrado aos deuses, templo’, de fas (indeclinável) ‘permissão ou ordem estabelecida pelos deuses’.

Na condição de profano, o postulante chega ao dia marcado para a sua Iniciação nos Sagrados Mistérios da Arte Real. A Maçonaria é uma instituição essencialmente iniciática. A partir daí, durante a cerimônia de Iniciação, passa a ser chamado candidato, até o momento que retiram a venda dos olhos e recebe a Luz.

Na Sessão de Iniciação, no postulado do candidato, o Orador faz a leitura da Declaração de Princípios da Maçonaria, para que o mesmo tome conhecimento da Ordem que deseja ingressar. Em seguida, o Venerável Mestre pergunta se “está de acordo e em condições de cumprir esses princípios”. E adverte: “Ficai, também, sabendo que consideramos traidor à nossa Ordem, aquele que não cumpre os deveres de Maçom em qualquer circunstância”.

A sessão prossegue com as viagens e provas que o candidato enfrenta e, ao final da última viagem, o Venerável agradece em nome da Loja e concede-lhe o prêmio pela firmeza e constância. É o momento em que presta sobre a Taça Sagrada seu primeiro juramento de honra e de fé, assumido livremente diante do G∴A∴D∴U∴ e dos Maçons presentes. O juramento consiste basicamente em manter segredo sobre os mistérios da Maçonaria que lhes serão revelados; ajudar e defender os Irmãos; prestar obediência ao Grande Oriente do Brasil, que doravante reconhece como Potência Maçônica regular, legal e legítima. O juramento é o atestado de confiança que a Maçonaria deposita na palavra do candidato, pois o mesmo foi apresentado como sendo homem “livre e de bons costumes”. É um contrato de mútua confiança na palavra empenhada: de um lado, os Maçons que creem na palavra e no compromisso feito no solene juramento; de outro lado, o candidato, que adquire a certeza e a confiança de que todos os que ali estão presentes, passaram pela Iniciação e também manterão a palavra dada e que ele, candidato, estará no meio de homens altamente confiáveis. Nesse primeiro juramento está também contida a penalidade, caso seja violado, feita pelo próprio candidato, para que não haja nenhuma alegação de desconhecimento. Uma parte da pena é simbólica, outra parte, não. O segundo juramento das solenes obrigações é feito após as viagens simbólicas. Mais uma vez o candidato reitera a obrigação de guardar segredo, dentre outras.

Após o segundo juramento, o Venerável Mestre indaga ao irmão 1º Vigilante se o neófito é digno de tornar-se Maçom e, atendendo ao seu pedido, ordena seja-lhe dada a Luz. Retiram-lhe a venda dos olhos e, a partir daí, será denominado neófito que, na definição do Dicionário Houaiss, na
4ª acepção e seguintes, significa:

4 p.ext. iniciante, aprendiz de qualquer ofício; novato, principiante 5 p.ext. aquele que está em um local pela primeira vez 6 p.ana. pessoa recém-admitida em uma empresa etim lat. neophýtus,i ‘recém-convertido’, do gr. neóphitos,on ‘plantado há pouco, implantado recentemente (na alma); novo convertido’.

Em seguida, o neófito recebe do Venerável Mestre a consagração sob a Espada Flamejante e depois é feita a proclamação no Oriente e nas Colunas, quando é reconhecido como Irmão e amigo. Inicia-se para o novel Irmão uma jornada em busca da Verdade, do aperfeiçoamento moral e dos progressos que deve alcançar com seu esforço, estudo, comprometimento e dedicação à Maçonaria.

Até atingir a condição de Irmão, foram necessárias etapas a serem vencidas, conhecimentos adquiridos e, em cada uma das etapas, a designação apropriada:

• profano, porque estava na frente do Templo, sem luz, sem conhecimento da Arte Real;
• candidato, porque fora permitido ingressar no Templo e atendido o seu desejo de tornar-se membro da Maçonaria;
• neófito, porque passou pelas provas exigidas para testar a sua firmeza e constância;
• irmão, porque os Irmãos o reconheceram, naquele momento, digno de pertencer à Maçonaria pela sua coragem e perseverança.

Cabe-lhe, portanto, trabalhar incansavelmente no desbaste da Pedra Bruta para que seja sempre “reconhecido como tal” pelos Irmãos. Esse reconhecimento se dá pelos atributos ético/morais mantidos e outros posteriormente adquiridos, e pela prática dos ensinamentos expressos no corpo doutrinário da Maçonaria Universal, que não admite desobediência às leis – sejam maçônicas, sejam profanas – nem é condescendente com traidores. Foram dois juramentos livremente feitos na Iniciação: o juramento de honra e de fé e o juramento das solenes obrigações. A Maçonaria trata com rigor o perjúrio, qualificando-o como ato indisciplinar, constante no Art. 50, do Código Disciplinar Maçônico, instituído pela Lei nº 165, de 07/11/2016 E∴V∴, onde destacamos:

Art. 50. São atos indisciplinares aos quais se aplica a sanção disciplinar de expulsão do Grande Oriente do Brasil, descrita no inciso V, do art. 24:

I – trair juramento maçônico, por declaração oral ou expressa, manifestação pública ou de qualquer meio que o caracterize;
[…]
IX – falsificar, inutilizar, destruir ou ocultar livros, documentos, joias, insígnias ou símbolos maçônicos em benefício próprio ou em prejuízo da Loja, de Corpos Maçônicos ou da Ordem;
X – prestar informações falsas, alterar ou ocultar documentos ou fato para fraudar interesse particular, material ou moral da Loja, de qualquer Corpo Maçônico ou do Grande Oriente do Brasil;
XI – praticar violência física, moral ou psicológica contra Irmão ou pessoa de sua família.

A Maçonaria tem a sagrada missão de cooperar para o aprimoramento moral da Humanidade, exigindo dos seus membros o cumprimento inflexível dos deveres que lhes são impostos, assim como garante todos os direitos inerentes ao Grau em que se encontram. Infelizmente, alguns Irmãos se desviam do caminho reto, esquecendo os juramentos prestados e sucumbem ante as paixões não vencidas, aos vícios não encerrados nas masmorras e são, invariavelmente, dominados pela vaidade desprezando os ensinamentos contidos no Livro da Lei, o código de moral e de conduta que regula nossas relações com o G∴A∴D∴U∴, com a sociedade e consigo mesmo.

Aos perjuros, além das sanções previstas nas leis disciplinares, aplique-se a pena contida no juramento das solenes obrigações, proferido na Sessão Magna de Iniciação, na parte que não tem caráter simbólico, mas representa uma forma de degredo psicológico: o perpétuo esquecimento. E para completar o rigor da pena, que o traidor seja “declarado sacrílego para com Deus, e desonrado para com os homens”.

Tal deve ser o destino daqueles que traem a Maçonaria e trocam a nobre condição de Maçom para a de infame profano.

Leave a Reply

Your email address will not be published.